Há algum tempo lancei palavras ao ar. Elas brilhavam infinitamente, tais como purpurinas. Magia única, deixou-me deslumbrada com tal peça, como poderia imaginar que tudo se tornaria assim?
Foi de tal forma que pus-me a escrever meio sem pé, nem cabeça. Com as mãos em fogo, transformando-se em carne viva. Simplesmente vivi meus enredos mesmo que estando muito longe deles ou perto demais para não me enxergar. Sofro com as perdas, com a ansia de não saber se continuarei a escrever, pois cada palavra flui de forma tão involuntária que eu nem percebo o momento que elas surgem em minha mente. E isso tudo é tão ardente quanto o fogo em minhas mãos, e sinto meu coração bater, minha alma congelar e quase que de um salto só eu já não estou mais em mim.
Molho meus olhos calejados de tanto esperarem ao chão, só aí eles compreendem pelo tempo que eu os martirizo deixando-os abertos, dão milhares de efeitos que por muitas vezes eles rejeitam, mas que no fundo eu sei muito bem o que pretendiam dizer:
-Você não está mais aqui, acabou de voar.