domingo, 28 de setembro de 2008

Fugir, fingir e viver.



Para onde se foram os meus ouvidos? Onde será que estão quem os matou?
Longe da minha paz serena, eu me desloco.
Anda-te! Apressa-te ! Corre que o vagão da vida te espera!
Não a tempo para parar, pensar, suspirar ou deleitar.Não há.
Há algumas falas soltas e presas em minha sombra, em meu ser. Para que me preocupo em viver? Para que? Permaneço inerte a todas as situações. No mais consegui um nada, quem por acaso penso que sou?
Apenas tento me apressar para não perder o vagão, que por sinal parece fugir entre os meus dedos, mas continuo correndo, talvez tentando fugir do que sou, ou era. Apenas tentando fingir ser alguém, ou tentando ser eu mesma.
Não me vejo presente em nada, não consigo me propagar, não faço, não existo. Tudo me irrita profundamente, e o que afinal eu espero? Uma ou duas palavras pra me acalmar talvez, afirmar que eu consigo e que realmente posso, sem serem falsas ou supérfluas, mas tento persistir, apenas tento, porém tudo foge constantemente. Irei tentar, estou viva! O que mais pode ser um sacrifício além de viver? Talvez a morte? Mas até lá creio que a própria vida já tenha me matado o suficiente, até por que é a função dela. E tudo continua fugindo.

sábado, 13 de setembro de 2008

Mais nada.


As pessoas se perdem e se destroem por atos banais, não deveria ser assim, poderia ser pior, melhor talvez. O medo de se expressar, a falta de comunicação, relacionamentos vazios e mais uma comida jogada fora. Questionamos-nos o quanto à situação está ficando caótica, o quanto a sociedade, o ser humano e tudo ao nosso redor vem se corrompendo de forma absoluta. Os pecados sempre existiram, as pragas, profecias e derrotas, nos alimentamos com restos alheios, com discursos falsos e tolos. Não, não é minha vida, não é a sua, é a de todos. A outra face existe, sempre existirá. Pergunto-me por quanto tempo me privei de determinadas palavras, de determinadas idéias. Eu sigo, você também, todos nós. Essa leve falta de nós mesmos, quando nos encontramos em um canto refletindo sobre todas as nossas ações, angústias, pesadelos. Por quanto tempo agüentaríamos? Vejo-me buscando algo, com desejo, vontade e desespero. Nada me foge a mente, nada. Lembro-me de cada passo, detalhe e suspiro, às vezes me pergunto para que? Mas mesmo assim me lembro. As minhas idéias talvez não estejam sendo pregadas com a mesma intenção que no princípio, mas estou me propagando de alguma forma, com alguma idade, com essa vida. Eu não me perdi, eu não me encontrei, não me entendo por cidadã feliz ou coerente, mas me entendo por gente.
Os dias se passam, as noites, tudo. Por quanto tempo estaremos dispostos a viver como máquinas?

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Busca


Há um lugar entre o céu e a terra
Um lugar indecifrável
Durante muito tempo tentei encontrá-lo
Nada de promessas cumpridas
Apenas rastro de desejos
Passei parte dos meus dias procurando
Indo até as montanhas mais distantes
Através dos meus sonhos viajei
Perdi meus pilares
Mas não irei me entregar facilmente
Entre dragões e espadas
A vida é apenas uma jornada
A recompensa talvez não seja promissora
Mas continuamos
Não é apenas pelos bens materiais,
é por algo mais
Uma leve busca pela essência
Em uma estrada sem volta
Nos movemos e seguimos
Até a morte.
[Roberta Melo]

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Mais um dia.

Estou cansada das pessoas ao meu redor, já não luto mais pelos sonhos tanto almeijados, pessoas não mudam facilmente. Cansei de sentir, viver, comer, de sorrir, de amar, de chorar, cansei de tudo e de todos. Não vejo tanta luz, não sinto escuridão. Apenas pretendo seguir, só , calma, triste ou alegre, meus sentimentos já não gritam, ninguém quer ouví-los, logo não ouvirei ninguém. Odeio a forma como tudo conspira contra mim, odeio a forma como o meu ódio pelo mundo só me faz ser odiada cada vez mais. Meus pais já não existem pra mim, eu os odeio principalmente por atordoarem minha mente constantemente. Quero o suicídio, desejo sumir, eu simplesmente não pedi pra nascer, eu não pedi. Eu choro mesmo sabendo que nada vai mudar, não sei por que ainda choro, não sei. Estou morta pra mim, estou morta pra você, nunca existirei para milhares.