Para onde se foram os meus ouvidos? Onde será que estão quem os matou?
Longe da minha paz serena, eu me desloco.
Anda-te! Apressa-te ! Corre que o vagão da vida te espera!
Não a tempo para parar, pensar, suspirar ou deleitar.Não há.
Há algumas falas soltas e presas em minha sombra, em meu ser. Para que me preocupo em viver? Para que? Permaneço inerte a todas as situações. No mais consegui um nada, quem por acaso penso que sou?
Apenas tento me apressar para não perder o vagão, que por sinal parece fugir entre os meus dedos, mas continuo correndo, talvez tentando fugir do que sou, ou era. Apenas tentando fingir ser alguém, ou tentando ser eu mesma.
Não me vejo presente em nada, não consigo me propagar, não faço, não existo. Tudo me irrita profundamente, e o que afinal eu espero? Uma ou duas palavras pra me acalmar talvez, afirmar que eu consigo e que realmente posso, sem serem falsas ou supérfluas, mas tento persistir, apenas tento, porém tudo foge constantemente. Irei tentar, estou viva! O que mais pode ser um sacrifício além de viver? Talvez a morte? Mas até lá creio que a própria vida já tenha me matado o suficiente, até por que é a função dela. E tudo continua fugindo.