Na fúria, saiu
apressada e sem pensar de maneira coerente sobre o que lhe acontecia. Havia um
sabor opaco em si. Suas pernas estremeciam. Estava entre devaneios...
Nossa personagem
guardava sempre o melhor de si para os outros e, na penumbra, renunciava aos
seus mais sutis desejos. De renúncia em renúncia; castrou-se. Sua boca que
antes cantavam versos sobre a aurora foi ganhando o hábito de lentamente
emudecer. Falava miudinho, falava para si. Quando imaginava sair alguma voz,
era apenas sua alma ou mente conversando consigo mesma. Imaginava que os outros
a escutava. Imaginava que tudo o que era dito transformava-se em poesia. Apenas
imaginava.
Seu reflexo e sua
dor eternizados na imagem que observara no espelho. Esse tempo de singela
restrição vocal tornou-se propício para que mudanças sensíveis ocorressem em
seu corpo. Sua boca colou-se de maneira lenta e imperceptível. Seus lábios
uniram-se ao palato e, só assim, em seu reflexo, percebeu que a sua voz ecoava
internamente. Queria gritar, pedir ajuda; não podia. Tornara-se sem voz, não
podia chegar aos outros.
Seu corpo agora se
encontrava marcado pelas linhas da vida. Nós que se entrelaçaram a sua
existência, ao seu âmago. Nem seu choro, nem sua reza poderiam proporcionar a
sua salvação.
Roberta
Melo
13 comentários:
Quando ficamos desgarrados do amor eis que nos sentimos num desamparo sem tamanho.
Cadinho RoCo
Adorei esse texto, escreveu super bem.
Beijinhos
Facebook do blog
conversando-com-a-lua.blogspot.com.br
Gostei muito do seu texto, a pontuação foi muito bem colocada! O tema também foi muito bem elucidado, cria proximidade com o leitor que sente ao mesmo tempo empatia e desespero por ao mesmo tempo ESTAR com a personagem e SER ela.
Seu blog está na minha lista hein guria :) quero ver o que mais você escreverá!
Beijos
Oi Roberta, tudo bem?
Que texto forte. Acho que algumas pessoas pelo menos uma vez na vida ficam assim. Sem saída e sem opções, guardando tudo o que sentem para si. Muitas vezes nem é por vontade, mas por pura falta de opção.
Abraços,
Amanda Almeida
Você é o que lê
Nahim que lindo o texto e bem triste também, mas as tristezas fazem mais parte da vida do que as alegrias,né?
Beijos!
Paloma Viricio- Jornalismo na Alma.
Que texto incrível!
Beijoos, Ana Carolina.
http://simplesglamour.blogspot.com
Disseste que achou triste ficar pisando em fotos... Mas a arte quando não pisoteada é apenas um enfeite.
Tua escrita também pisa... e teu texto encanta! Já participou de alguma antologia?
Abraços!
Adorei o texto, vc tem talento mocinha. ^_^
O amor é sempre tema de textos e poemas, pois é um sentimento tão louco e ao mesmo tempo tão gostoso de se sentir. Parabéns pelo texto.
Resenha #87 - Coração de Bilionário - Ruth Cardello.
Confere lá!
Manuscrito de Cabeceira
Bjs.
Oi,
Gostei bastante do seu texto,em especial do segundo paragrafo que me fez pensar quantas vezes nos doamos para outras pessoas e esquecemos de nós mesmos.
Parabéns!
Páginas Em Preto
Beijos
Nossa, que texto lindo! E profundo...
Parabéns, você escreve muito bem!
Beijos da Kika/Blog Acessarte
Gostei do texto profundo, mas objetivo só me restam dúvidas do real motivo para tanto desespero
http://enfimshakespeare.blogspot.com.br/
Roberta, você escreve muito bem. Seu texto me tocou de uma forma unica. Adorei *-*
Parabens e continue escrevendo!
Nossa o texto é muito bom! É de sua autoria?
Beijos,K.
Girl Spoiled
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