terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Amnésia



   Durante muito tempo fiz questão de recordar as coisas do passado (sejam boas, ou ruins) e ficava sempre me sentindo feliz ou triste com tais pensamentos, na maioria das vezes triste. Só que, ultimamente, todo esse meu desejo por memórias anda se dissipando. Talvez seja um reflexo de toda uma preguiça acumulada que me deixou estagnada sem lembranças legais ou, apenas, uma apatia sincera e prudente com relação aos meus dias. 
   Por muito tempo fiquei remoendo certos acontecimentos e tentando decifrar meus erros e os erros das outras pessoas, porém, acho que verdadeiramente liguei o famoso "foda-se" para tudo,... Algo que pode ser bom ou ruim. Eu nunca me importei em agradar as outras pessoas mas, fazia questão de me sentir aceita, acho que todo jovem tem um pouco dessa necessidade. Quem, não?! E me lamuriava demais por pequenas coisas, o que não passava de um misto de imaturidade com insegurança, achava que pequenos comentários eram super ofensivos, ou que eu não era boa o suficiente... Toda essa baboseira.
   Sendo uma pessoa completamente imatura e sem ter uma direção positiva com relação a vida, passei a fazer e a praticar coisas que pudessem me trazer mais discernimento com relação aos pequenos fatos, tais como: ler, buscar humildade, pensar e, finalmente, ouvir conselhos de gente que tecnicamente se preocupa comigo ou, que eu simplesmente achava bacana.  


  Levei uns pequenos tombos nessa jornada e ganhei uma belíssima característica de sempre esperar o pior das coisas e pessoas. Sei que pode ou não acontecer algo bom, porém, estar preparada para as perdas e derrotas ajuda. Confesso que minha vida era um nó geral e eu mesma criava situações embaraçosas, claro que, coisas que eu escutava com menos de 14 anos de adultos e eram absurdas me deixaram tristes por um bom tempo, pois, cria-se toda aquela responsabilidade desses seres para guiar prudentemente os jovens e nem é sempre que isso ocorre... Se tivesse uma máquina para voltar ao passado eu teria chutado muito... Tem gente que merece. 
   Acredito que por uma falta coerente de uma participação tanto maternal, quanto paternal eu me tornei uma adolescente meio boboca e revoltada, coisas que poderiam ser resolvidas com uma conversa nunca aconteciam. Já que conversas nunca ocorreram. A queda que eu considero mais lamentável foi com relação aos meus estudos, pois, era influenciada por problemas pequenos e vivia a maior parte do tempo tentando encaixar peças para pessoas que não precisam de tanta atenção. Hoje vejo essa atitude como uma falta de consciência e autonomia para traçar meus próprios caminhos. Penso que toda essa minha amnésia com relação aos fatos passados veio em uma boa hora para limpar meu sistema e mudar o foco da minha vida fazendo surgir então uma nova concepção de mim mesma como ser humano.



Beijos.