terça-feira, 28 de abril de 2009

Cores


Retoco as lápides hexagonais
Converto formas estrelares
Sobrevoou as ondas lunares do cais
Sinto os mais intensos ares

O escarlate das emoções
Convence-me de sonhar
Perdendo as convenções
Correndo entre o mar

Em um mundo esquecido
Sob morros paralelos
Passando por eternas fantasias
Reinventando novos elos

Lançando cartas ao horizonte
Monocromáticas e sem sabores
Deslizam nos ventos do norte
Seguindo a expansão do seu controle

Conduzo-me através do cruzeiro
Buscando estrelas pardas
Distorcendo os espectros verdadeiros
Com minhas mãos pacatas

Saboreio as mais diversas cores
Comprometendo os meus amores
Retardando o sorriso alheio
Fazendo-o imaginar ser um devaneio

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Teatro das emoções

Minta segurando em minhas mãos
Olhando nos meus olhos
Esquecendo o tempo sem canção
Fugindo das verdades impostas

Observando tantas alegrias
Onde suspirarão tristezas no outro dia
Pensando nas palavras alheias
Tecendo frases com leve agonia

Vamos! Contarei histórias de caçadores
Mas sempre com um final feliz
Privando das cenas com a meretriz
Fingindo um palco de felicidades

Não suportarei ser simplesmente eu
Há tanto de mim em cada situação
Pretendo ser nós, eles e tudo
Vivendo cada pedaço do mundo

Mas espero que sua mentira surta efeito
Caso contrário meu palco será desfeito
E todo o meu sorriso irá se compactuar
Com a doce melancolia do Arlequim .

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Pobre coração.

Espira de meus pensamentos essas angústas, leia-o antes da renuncia, conte-me de fato o que há, destrua meus princípios.Ai, quanta dor guardo em meu coração.Porque ? Se eu não cometi nenhum delito ao me desprender. Devolva a chave da sabedoria, dita-me de cor o sabor de cada estrela.Usa-me como mapa para desvendar os mistérios dessa constelação. Diga-me se aquilo não passou de uma mera situação? Porque fazer sofrer esse pobre coração? Não cansa de ouvir o meu choro clamando pelo teu corpo?!Pelos céus, por tudo que te forneça felicidade! Retira do meu peito esses amargos cravos se há ainda alguma verdade.
Não contarei por quantas noites chamei pelo teu nome, não lhe importunarei com minhas declamarações de amor, não mais me arrastarei por entre pedras pra chegar ao seu sabor. Já não mais. Mas minha pobre vida continua presa a essa situação desagradável, longe do meu alicerce, presa a cacos. Aonde será que os meus deuses foram parar? Não escutam mais minhas orações? Já implorei pra Zeus, Baco, Afrodite dentre outras criaturas da razão, mas nada me preenche, nada. Como você acha que irei sobreviver sem o teu calor? Como irei seguir sem seu sorriso?Já não sei de nada que possua coerência. Já não sei de nada mais que me faça valer a pena. Não passo de mais um orvalho se sua oliveira.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Borboletas na vida de Fernanda


Dentro do quarto, Fernanda chorava por não ter tido tempo de salvar a borboleta que morreu na sua janela. Ficou observando o inseto colorido durante horas, tendo desejo de lhe devolver a vida. Tocou nas asinhas coloridas, mas não adiantava a pequena borboletinha já havia partido.
Com muito cuidado pegou-a e foi perguntar para a mãe o motivo daquele ser tão lindo não está mais vivo.
- Mãe, olha só o que aconteceu com essa borboletinha...
- O que foi Nanda?
-Ela morreu mamãe! Como faz pra ela voltar?!
-Não faz nada, queridinha... Não faz nada...
-Mas por quê?
-Ora, ora Nadinha... Como irei te explicar isso.
-Hum... Acho que já sei, venha para a varanda comigo filha...
- Está vendo todas essas coisas ao nosso redor?
-Estou...
-Pois bem, tudo na nossa vida possui uma finalidade. Chega um momento em que já cumprimos tudo o que deveríamos fazer, nisso a vida tem que seguir o seu rumo. Com sentimento de tarefa cumprida, nos despedimos desse mundo.
- Mas por que tudo tem que ser desse jeito? Por que temos que cumprir algo? Por que outras pessoas não fazem isso?
- Nós possuímos vontade de conquistar algo, e cada ser vivo possui um determinado tempo. Quando já estabelecemos todas as metas, já é tempo de repousar.
- Mas por que a borboleta foi embora? Eu ainda queria observá-la voar!
- Fernandinha, a borboleta precisava seguir um rumo, você deve seguir o seu. Não é por que você ainda terá muita coisa para observar, que já não tenha acontecido o mesmo com ela.
-Está vendo aquela árvore filha?
-Estou.
-Desde muito antes de tu nasceres ela já estava ali, nela moram uma infinidade de coisas. Mas o seu tempo um dia irá chegar, ela está nos proporcionando milhares de coisas. Porém quando ela terminar a sua jornada nesse mundo ela irá embora.
-Não devemos nos apegar a nada demasiadamente, tudo tem o seu limite, o certo é preservar, manter. Mas quando não há razão para isso, deixamos cada coisa tomar o seu rumo.
Nesse momento Fernandinha saiu correndo foi para debaixo da árvore. Observou a borboleta que estava em sua mão, e disse:
- Um dia irei terminar a minha meta nessa vida, e quando chegar esse dia talvez eu possa voltar a ti observar. Adeus minha amiga passageira!

domingo, 5 de abril de 2009

Escultura

Remodela-me a vida
Desfaça este véu
Rasga-o completamente
Com os teus lábios de mel
Sinto intensamente
O teu toque
O teu suor
Demonstra-me com tuas veias
A chave para algo maior
Esquecendo dos limites impostos
Retorcendo os moldes como pó
Transformando-nos em artefatos
Entrelaçados num só
Queimando intensamente
Com as chamas fugazes da paixão
Para no fim
Retocar-me os detalhes
Dessa dança feita com as mãos

sábado, 4 de abril de 2009

Por você

Tempo, espaço infinito
Eu gastaria parte dele por você
Alimentaria seu ego para sua felicidade
Mergulharia nessa vida sem razão
Ouviria as estrelas
Agüentaria os desastres do mundo
Ganharia o pão por ti
Oraria mil e uma vezes para te proteger
Refletiria alegria a minha volta
Amaria sem limites

Olhos

-Onde estão os teus belos olhos?
-Os arranquei para não sofrer com os teus.

Flores

Horizonte não tem fim
Desprendo-me da razão
Busco esforços que outrora me eram concebidos exacerbadamente
Roubarei as tulipas do teu jardim
Colocarei rosas e jasmim
Adoraria contemplar o teu sorriso todos os dias
Seria uma maravilha te amar
Achando que o azul do céu existe para nos abençoar
Viver sem rancor por futilidades
Esquecer dos problemas do mundo e viver.




Por você.

Imaginação

Doce jardim de gardênias
Liras, cores e purezas
Observo a margarida e sua alegria
Resplandece amor todo dia
Crianças correm sem parar
Sorrisos e gargalhadas são perdidos no ar
Raios solares motivam essa visão
Mero fruto da imaginação
Mas até onde fomos impedidos de sonhar?
Além do desejo de ser feliz
Borboletas sobrevoam essa observação
Espero um pouco mais de amor além desse devaneio

Palavras para ninguém

Atrás das folhas que caem sobre tua face o tempo segue sem dar satisfações. Olhares mais atentos para o presente revela vitórias e desgraças do passado. Entre a linha da vida e da morte você se refaz trazendo novos rumores à tona. Ache a solução para as almas perdidas em seus pensamentos. Muitos dizem aleluia por algo que não tem. Você simplesmente sorri longe dos problemas que o cercam, não é fácil seguir a vida em frente mesmo sabendo que não precisa preocupar-se. Ache a solução para a misericórdia divina. Ache razão para as soluções que aparentam não se igualar com suas respostas. Um pé a frente dos seus pensamentos. Vozes no além o dizem para não desistir dos teus sonhos. É fácil ver as coisas se desgarrarem, aceitar situações, o difícil é ter de conviver com elas. Olhando para o céu você percebe e senti que algo está nos esperando.
[2007]

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Passado

Sob o manto da calma
O tempo passa frio e lento
No movimento sem alma
Prevalece o súbito desejo

Entre primaveras e outonos
Outros ventos te cobrem o leito
Que sem fundamento
Preenche o pouco vazio que temos

O que foi presente torna-se passado
Essa doce lembrança acolhedora
Permanece e supre o vazio

Atrás das lindas flores da manhã
Eu guardo e vejo o teu sorriso
Momento irreal e confortador
Apenas guardo as lembranças
Do tempo que passou.

Desperdício

Parada no tempo esperando os dias voltarem.
Este tempo que me persegue
Este tempo que eu desperdiço
Pra que?
Por quê?
Atrás de toda ventania existe uma tempestade. Para que me preocupar com os fatos que não irão me acrescentar em nada?Para que pensar que tudo poderia ser melhor, senão foi?!
Procuro rumores para saber se tu estás bem, mas não adianta...Você não consegue enxergar que eu estive o tempo todo com você.
Adeus.
[2007]

Faz um certo tempo...

Vão-se os tempos de calmaria. Olhe para a luz e diga-me o que mudou, além do precipício existem outras vidas. Mude de lugar é o que lhe aconselham, mas o deserto vem lhe acolher de forma misteriosa. Ninguém diz o que realmente acha saber, entre as dores existem outros amores, se foram os belos sorrisos, as faces mostram-se podres. Queria poder deixar o vento me mostrar o outro lado do céu azul, viajando nas ondas celestiais, apenas tentando esquecer o tempo, tentando viver sem motivo algum.

[2007]