domingo, 25 de outubro de 2009

A vida de uma cotista.

Hoje contarei minha vida. Apenas poucos a conhece, mas há uma força incontrolável dentro de mim tentando explodir, por comentários que tenho recebido por ser cotista. Nem sei por onde começar, nunca escrevi algo parecido antes, certo que eu tenho uns rascunhos e tentava passar para o papel, só que hoje chegou ao meu limite, entende?
Me chamo Clara e nasci em um quase fim de mundo com mais cinco irmãos, todos magrinhos. Mamãe dizia que era pra irmos pra escola pra ser alguém na vida. Assim que fazíamos a trajetória à pé de quase 1 hora, chegávamos em casa famintos. Comíamos um pouco de arroz com galinha, fazíamos a lição e depois a roça. Trabalhávamos 3 horas lá, como quase todos tinham a mesma idade, ficava fácil terminar o serviço. Eu como irmã mais nova trabalhava com os serviços mais fracos, ou ajudando a meus irmãos mais velhos.
Éramos felizes na nossa maneira, mas no dia que a escolinha fechou e a seca assolou drasticamente fomos obrigados a nos mudar pra cidade, já que os animais tadinhos, puxa... Morreram quase todos, sobrando uma vaquinha e o burro.
Meu pai com 40 anos e meu irmão mais velho de 16 anos arranjaram serviço de pedreiro. Minha mãe trabalhando de empregada doméstica. Minha irmã de 15 anos cuidava dos outros irmãos, arrumava a casa para completar a renda fazia uns bordados pra vender no mercado, ia todo mundo pra lá na esperança de que ela vendesse tudo, sobravam poucos, mas eram tão bonitos que tornava impossível não ter comprador.
Entramos em uma nova escola, mas dessa vez só eu e meus quatro irmãos. Tivemos que voltar um ano, pois estávamos atrasados em muita coisa. Agora a escola não era mais tão longe, as turmas eram mais cheias e barulhentas. Sentia muita saudade da minha professora de antigamente, essa vivia quase sempre estressada com a turma.
Sentava na frente, o meu desejo era aprender. Ela notava o meu esforço, apesar da dificuldade e me ajudava. Depois da aula como na minha casa não tinha espaço, estudava na biblioteca da cidade ia à pé do colégio pra lá, pois se eu fosse pra casa demoraria demais, levava um pão com manteiga, ou então juntava dinheiro e comprava qualquer coisa pra comer em um vendedor ambulante.
Apesar de ter sido atrasada no colégio, existia muita gente até mais velha do que eu lá na sala. Não existia muito o preconceito por eu ter vindo do sertão, até porque muitos do que estavam lá não possuíam tanto conhecimento da minha vida, até porque eu não tinha muitas amizades por lá.
Minhas notas sempre altas e tendo conhecimento do nível da educação que o colégio proporcionava, a professora chamou minha mãe para que ela me trocasse de escola, já que o colégio não oferecia tanta assistência para mim, e deu o nome de alguns colégios públicos melhores. Todos ficavam distantes da minha casa, mas afirmando já estar acostumada em ir à pé para o colégio, começou a minha saga. Era certo que o colégio era totalmente diferente do que eu estudava. Meu irmão dois anos mais velho foi comigo. Os outros permaneceram no mesmo.
Conversávamos sobre muita coisa, ele falava que muitos dos seus amigos haviam deixado de estudar para trabalhar, ficava triste por eles e se sentia orgulhoso por ter um pai e uma mãe como os nossos que prezavam os estudos e o fato de Carmem e Carlos terem ido trabalhar, foi por muita insistência de ambos, por acharem que não davam pra nada nos estudos, eles pararam no nono ano.
Carmem havia se casado com um feirante do mercado, sua barraca de artesanatos havia dado muito certo, participava sempre desses concursos oferecidos pelo estado, além disso, trabalhava como costureira no bairro em que ela morava agora.
Carlos namorava Margarida, uma empregada doméstica de uma das casas que ele foi contratado para reformar. Juntava dinheiro, pois queria ser taxista, e isso era notável, raramente gastava com coisas desnecessárias.
Eu estava no sétimo ano, meu irmão Cassiano no 1º ano. Demorava quase uma hora da minha casa até o colégio, ele era realmente era muito diferente, mais arrumado, os banheiros eram mais limpos, a cantina oferecia refeição, tinha uma biblioteca. Lá eu realmente fiz novos amigos, alguns, poucos na verdade, eles tinham tanta vontade de estudar quanto eu. Estava com 14 anos, já não havia tanta diferença de idade quanto o outro colégio, eu cheguei a estudar com pessoas com quatro ou cinco anos mais velhas do que eu no anterior ou até mais.
As minhas outras duas irmãs continuaram no meu antigo colégio. A Cristina e a Cristiana eram gêmeas. Passavam a maior parte do tempo em shows de pagode e de namorinho. Não eram gêmeas idênticas e eram muito unidas. Vendiam coisas através de catálogos, pra poder comprar suas roupas, sapatos e bijuterias. Diziam querer abrir uma loja, mas não sabiam como, pois gastavam todo o dinheiro que rendia com elas mesmas.
Cristina se casou com 19 anos, a Cristiana ficou irritada no começo com a situação. O seu marido era de uma condição melhor que a nossa, ela foi morar na casa em que ele comprou, em um bairro totalmente diferente. Ele era classe média. Mais velho que ela 10 anos, passou a pagar o resto dos estudos dela em um colégio particular. Já não víamos mais Cristina com tanta freqüência. Ela ia para lá às vezes em algum final de semana, estava diferente, mais bonita. Grávida, queria fazer faculdade de moda, agora tinha mais sonhos que antes, pensava nos estudos. Talvez pelo dinheiro investido nela, mas acredito que pela mentalidade das pessoas do novo colégio. Terminou o 3º ano naquele mesmo ano, com 20 anos, fez faculdade de moda.
Cristiana passou a andar mais com as outras meninas, freqüentava cada vez mais o pagode. O dinheiro que tinha da venda das roupas já não precisava dividir com a Cristina, passou a ir pra academia. Terminou o 3º ano com 20 anos. Abriu uma loja no centro com muita dificuldade, trabalhava muito, não quis ir pra universidade. Não queria saber de relacionamentos, pois não queria abdicar da sua vida de festas para homem algum.
Cassiano passou em engenharia, namora uma menina que faz física. Trabalha de estágio em um escritório, ela trabalha como professora.
Hoje eu vou tentar pela 2º vez passar em direito. Espero que com essas cotas consiga. Tenho 19 anos agora. Esforcei-me muito, não acho justo que por eu não ter tido condições de pagar um colégio particular não possa entrar na universidade, se reclamam pelo fato do governo não oferecer um ensino melhor, eu também reclamo, pois não tenho culpa da realidade do sistema, muito menos da que eu vivi!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

É verde e amarelo !

Está na face do país o sorriso de milhares de brasileiros a alegria pelo Brasil ser sede das Olimpíadas 2016. Apesar da aceitação imediata há sempre controversias com o que realmente deveria se fazer com o dinheiro e gera a pergunta : " E se não fosse a sede das olimpíadas será que fariam tais investimentos com o setor social?" Não aposto muito nisso. Hoje o Brasil está mais interessado nas aparências que na sua própria essência, confesso que apesar de sermos um povo alegre e trabalhador quem realmente irá lucrar com tudo isso não é a classe mais baixa muito menos os locais mais inóspitos. A economia tenderá a crescer sim e consequentemente os grandes empresários e pessoas de altos cargos envolvidas nisso tudo.
Para os atletas compreendo que será uma honra, pois a falta de patrocínio de muitos e um evento mundial localizado na sua própria região facilitará a ida e vinda das novas caras que não possuem tanta oportunidade quanto os deportistas já renomados.
Espero que tamanha estampa de felicidade se repercuta nos salários e na mesa de quem realmente precisa.

É o verde e amarelo e seus inúmeros contrastes em uma paisagem só !
Torço para que tudo dê certo...

Parabéns Brasil !

domingo, 27 de setembro de 2009

A vida e seus morros.


Palavras e pessoas são inconvenientes, chegam como quem não querem nada e nos esmagam lentamente causando uma erupção de sentimentos adormecidos que às vezes tendem para raiva, outras para um alívio. Estou a degustar de tudo um pouco, a falar realmente o que eu penso, mas muitas vezes permaneço calada, principalmente quando reconheço não saber do assunto, há sempre os momentos em que é melhor nem discutir, afinal quem sou eu para criticar a ideia que alguém tem da vida sendo que eu nem a vivi inteiramente ( e quem ousa dizer que já viveu !).
Fico matando as horas, tremendo por conta das expectativas nesse final de ano e ainda por cima analiso superficialmente aqueles que um dia foram meus amigos ( se é que foram), minha desconfiança não alivia, porém eu não deixo transparecer muita coisa. Há ainda os que se vestem de toda a razão e o ego acaba ultrapassando o que realmente é, já nem conto mais nos dedos a quantidade de pessoas assim...
Meus companheiros tornaram-se imaginários ou inanimados, já não quero colocar meus sonhos como forma de vida(muitas vezes o que eu escrevia nas poesias era com referência a coisas inexistentes) e hoje particularmente me sinto leve, talvez pelo motivo de ser domingo e o dia está realmente bonito.
Mas há uma coisa extremamente confortante é saber que nesse instante uma pessoa realmente me quer bem, depois de tantos relacionamentos que não me acrescentaram muita coisa ( se é que posso chamar de muitos e de relacionamentos) é bom saber que alguém realmente irá te ouvir quando você estiver triste e todas essas amizades falecidas se esvaem. O ser humano é algo muito complicado de se conviver, muito mesmo! Devo manter muita calma, sou sensível, sou errônea, sou uma fera. Mas cada um tem o conhecimento que lhe é cabível e foi instituído até aquele momento, tentar ultrapassar os seus limites ou impor teorias a outrem é massacrante, afinal todos tentam ser livres e para finalizar com algo mágico: O importante é o amor ! Seja ele uma forma de afeto para qualquer coisa que lhe faça feliz.

Beijos pessoal !

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Tendo tédio de tudo

A televisão brasileira me dá nojo.
Essa política retardada está saturada
Estamos cansados de tanta pizza.
Como diferenciar uma boa bebida?
A comida está mais cara.
O estético padrão não mais diz nada
Querer ser magra
Querer peito
Querer músculos
Querer dinheiro
Afinal que mundo é esse em que vivemos?
Quanta gente imbecil
A depressão assola o Brasil
Mais uma morte na esquina
Provavelmente por culpa do sistema
Essa mente pequena
Essa mente pequena
Não entra na minha cabeça
Pra que querer viver de pão e circo?
Estamos cansados do horário de pico
Essa droga diária, quanta besteira inalada
Não entendo como ainda existe essa guerra sexista
Se entreguem e amem a vida
O cruel é ver gente morrer por comida
Somos todos animais
Racionais ou não

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vidinha

Olá pessoas !

Escolhi arquitetura como opção de curso no vest., depois de tanto mudar de curso, pensar em infinitas opções, eis que surge a arquitetura como luz no fim do túnel. A prova vai ser no início de dezembro e eu estou anciosa para que chegue logo! Estou farta do ensino médio,... Essa cidade está fazendo um calor imenso, irei deteriorar todas as minhas células por conta da desidratação, (momento vegetal).
Irei continuar com alguns desenhos inacabados. Minha miss bimbo está no level 8. xD

E é isso aí xD~

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Cacos de Coração

Entre ladeiras e barrancos
Pilares e concretos pelo chão
Aqui se encontra o meu coração
Inteiramente seu

Guardei por um tempo
Temia pela falta de batimento
Sentia o descontentamento
Me assolando sem pausa

Revirava toda madrugada
Esperando uma reação
Mas sempre faltava
Um pouco de emoção

Entrego-lhe despedaçado
Não precisa ser um bom observador
Para notar o tamanho da dor
Que aqui se encontra

Caso não goste
Peço que não o jogue por aí
Amarre-o e o coloque
Dentro de mim

Estarei cansada demais para contar cacos
Juntar pedaços
Encontrar as falhas
Pretendo mantê-lo sem muita alegria

Mas ficaria muito grata
Se por ventura em alguma tarde ensolarada
Você conseguir fazer
Com que ele volte a sentir

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Procurando pelo Brasil

Indignação Revolta Descontentamento Ilegalidade Retrocesso Medo Ódio Seca Desmatamento Desgosto Pizza Farsa Corrupção Fome Analfabetismo Miséria Desemprego

País tropical rico em recursos naturais, mas pobre quando se fala em igualdade.

sábado, 1 de agosto de 2009

Cotidiano

Muito tempo sem postar, mas o problema não é falta de idéias e sim de tempo mesmo, já que estou muito atarefada com relação as minhas obrigações diárias, mesmo não cumprindo da forma que seria realmente necessária, infelizmente as coisas não acontecem da forma como desejamos. Estou indo praticamente todos os dias da semana estudar na biblioteca já que se eu ficar em casa não estudo de forma adequada, tão grandinha e com tanta falta de organização e vontade, isso me dá nos nervos! Fico com bastante raiva de mim mesma é terrível!
Vida e vestibulando é terrível, o mundo gira em torno disso. É totalmente desprezível!
Mas mesmo assim tentarei manter a calma, muita calma por sinal...
Fiz uma conta no miss bimbo, joguinho mais LOL. Enfim estou no level 6 e muito pobre, já que não tenho a mínima vontade de combrar bimbo dóllares.
E é com esse post pequenino que eu vou indo! Beijinhos pra todos ;D

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A carta. Parte II o Final.


Pode entrar.

Olá, Anne!

Olá, Ramon.

Enxugue-se com essa toalha e deixe os sapatos perto da porta. A areia molhada é péssima para o carpete!

Não vai me dar um abraço nem nada do tipo?

Vocês homens,... Parecem sofrer de amnésia.

Leu a carta?

Li sim...

O que achou?

Uma verdadeira barbaridade.

Não vai me dar uma chance?

Claro que não, tu se comportas como um garoto de 17 anos. Pelo visto não amadureceu nada. Como tens coragem de fazer algo do tipo e ainda com perguntas sem sentido como essas? Esqueceu que entre nós já não existe mais nada a partir do momento que tu escolheste a Amélia!
Mas eu não queria! Você mesma disse que eu poderia seguir esse caminho que não haveria nenhum problema. Eu, como um garoto qualquer, acreditei naquelas tuas palavras. Confesso que me deixaram abalado, mas com o tempo pude perceber o sentido real. Hoje eu não sou nada, passei esse tempo inteiro buscando algo que me completasse, mas não há nada além de você. Por isso estou aqui. Sei que parece ser tarde. Mas não é!

Não tenho palavras pra definir essa situação, ou tu és muito ingênuo, ou muito dissimulado! Se ainda fosse pra ter uma conversa social para tentarmos ser amigos ou simplesmente tentar apagar as desavenças, mas isso é demais! Olha só, eu já não sinto mais nada por ti, e nem milhões de palavras belas poderão resgatar algo. Minha parte na vida contigo foi bonita, porém eu já me desprendi a muito tempo desse amor juvenil e creio que você deveria fazer o mesmo.

É triste saber que nem tudo pode ser do jeito que esperamos, agradeço pela sua sinceridade. Dói muito perceber que a única pessoa que amo já não se importa mais com o amor. Acho que criei ilusões demais, fiquei preso a antigas situações e deixei de viver. Julgo ter enlouquecido caso contrário não estaria aqui e provavelmente faria tudo diferente, talvez como você realmente esperasse para criar docilmente essa paixão. Infeliz o dia em que me encontrei preso a situações totalmente distintas, infeliz sou eu, pois perdi a mulher que amo por besteiras familiares. A única coisa que me importaria nesse momento era o seu amor e não o tenho. Entrego-lhe essa carta, espero que leia. Adeus.

Ele desceu as escadas rapidamente, provavelmente estava chorando. Por um momento me vi disposta a aceitar novamente aquele homem, mas já não tinha forças para tanto. Sentei em uma poltrona e comecei a ler aquela carta.


Querida Anne,
Espero que tu compreendas que nada do que eu fiz foi para destruir o relacionamento que possuíamos. Sabia que você tornar-se-ia em uma mulher deveras solitária, com poucos amores e nenhuma paixão. Condeno-me por isso, sei que pode soar nada humilde da minha parte, mas é assim que me sinto longe de ti e creio que mesmo com o passar dos anos o amor que sentimos pelo outro ainda pode ser vivido. Tu provavelmente me julga infantil demais para ter você ao meu lado, mas saiba que eu te julgo ingênua demais para não perceber os fatos. Enquanto estávamos fazendo juras eternas para nós mesmos, a minha família e a de Amélia, planejavam concretizar essa união que não agradava nem a mim nem a ela. Porém sob ameaças de que esse ato não fosse concretizado, eles eliminariam todas as suas chances de sobrevivência, pois tu sabes muito bem do que meu pai era capaz para nos separar. Eu nunca toquei em Amélia, assim como ela nunca me desejou, dormíamos em camas separadas. As filhas que possuímos são somente dela, pois ela já estava grávida e foi um dos motivos do nosso casamento. E como tu sabes, meu pai dependia da influência política da família de Amélia, sabendo que eu possuía uma idade compatível com a da sua filha e tendo meu pai em suas mãos, o pai de Amélia logo iniciou os tramites do casamento. Sob pretexto de não perder o que havia alcançado, meu pai afirmou que se eu não me casasse com essa moça que eu mal conhecia ele mataria a você! Meu único amor! Como tu podes ver nem tudo acontece como esperamos, mas cabe a nós mesmos aceitar essa situação ou não, e apesar de parecer tarde demais, eu rogo aos quatro cantos do mundo que o seu amor renasça e una-se ao meu! Ramón

Nossa! O que eu faço agora Cartucha? A gatinha desceu as escadas indicando o caminho. Eu saí a procura dele pela cidade inteira, quando cheguei ao centro da cidade, havia fotógrafos por todas as partes em volta de alguém, perguntei a um indivíduo o que estava acontecendo:
“É a Amélia, filha do dono das carvoarias e empresas petrolíferas! Ela veio a cidade conversar com uma Anne”
Fiquei totalmente intrigada e confusa no momento, depois de tal declaração e afirmar que ambos não se amavam, será que ela sabia onde o marido estava? Cheguei perto para saber o que estava acontecendo e conversar com ela. Quando me observou puxou imediatamente o meu braço, como plano de fuga daquele local movimentado levou-me para o seu quarto no hotel.
Anne querida, sei que você pode ter muita ira com relação a mim e ao meu marido, mas quero que saiba que tudo foi armado.

Eu já sei de tudo!

Mas como assim?

Ramón contou-me tudo essa manhã, entregou-me duas cartas revelando o seu amor.

Ela estava atônita, puxou da bolsa uma carta.

Seria essa carta aqui?

Quando comecei a ler aquelas linhas, não podia entender eram as mesmas de anteriormente!Ela sentou-se no sofá puxando-me ao seu lado, segurando as minhas mãos, disse:
O Ramón morreu faz dois dias, estava com febre e delirando pelo seu nome. No seu testamento pedia para que eu lhe entregasse essa carta e infelizmente preso a sua família ele fez tudo para que você não morresse. Vim para essa cidade pois como pedido ele mandou entregar a ti essa carta e mais algumas coisas que estão em seu nome.

Eu não podia acreditar naquilo, que triste praga do destino! Como tudo pôde se tornar desse jeito. Desatei a chorar como uma criança boba e aquela criatura tentando me consolar de inúmeras formas.

sábado, 4 de julho de 2009

A carta. Parte I



Deitada na areia branca da praia observando as ondas do mar, em um dia nublado fora do comum, uma mão estende-se em minha direção segurando uma carta.
Mas o que é isso?-indaguei.
Era Carlos, um garoto pago para enviar recados, apesar de não ser comum ultimamente com a criação dos correios, ele sempre se oferecia a fazer esse tipo de serviço.
Mandaram entregar a você, Anne. O indivíduo pediu sigilo, afirmou que tu irás reconhecer ao ler as palavras. Tchau, Anne.
E saiu correndo, alguém esperava por ele ao longe, provavelmente o autor de toda aquela proeza. Mas como desvendar subitamente quem era?
Guardei aquela carta dentro de minha bolsa, quando chegasse em casa leria com atenção, naquele momento só estava disposta a desfrutar o vai-e-vem das ondas.
Aquele dia nublado não negava, passou alguns minutos e começou a chover, fui obrigada a sair dos meus pensamentos, mas nem por isso deixei me entregar as forças da natureza, levantei e segui o trajeto calmamente até a minha residência. As ruas haviam esvaziado como mágica, as gotas começaram a piorar. Passei a chave imediatamente na porta, a Cartucha , minha gata, encontrava-se estendida no sofá.
Dorminhoca - disse indo em direção a cozinha – Cartucha seguia-me prevendo os meus movimentos. Gatinha comilona! Entreguei a tua tigela de ração alisando suavemente a sua cabeça.
Acredita que hoje Carlos veio me entregar uma carta - ela olhou pra mim como se entendesse - não disse quem foi e provavelmente ele também não conhecia. Quem sabe, não é mesmo? Como será que adivinharei através da leitura quem escreveu essa carta? Bela tarefa me propuseram!
Fui para sala procurando por meu óculos de leitura, achando finalmente em cima de umas revistas. Comecei a ler :

“Dentre intensas primaveras nossos olhos foram completamente voltados ao nosso mundo. Mundo este repleto de magia e desejo. Cheio de sonhos, éramos jovens apaixonados. Sem receio dos perigos que nos cercavam, vivemos aquele intenso amor, mesmo não tomando o enredo esperado não consigo deixar de pensar em ti. Seu rosto, seu sorriso, me vem a mente em noites de angústia, dormindo ao lado de uma mulher que nunca almejei. Apenas um erro banal que cometi na vida por pressão que não podia suportar naquele momento. Você mesma disse que era para eu partir, e hoje estou eu desconsolado com tudo ao meu redor. Decepcionado com a vida que levo, com esse triste rumo do nosso amor. Nunca neguei o meu sentimento por ti, porém fui cruel conosco ao abdicar dele para seguir a vida que outros desejavam. Sei que depois de muito tempo, ambos seguimos nossas vidas, sei que você ainda mora na cidade em um lado onde possui poucas residências. Lembro-me que este era um dos seus desejos, ainda bem que um de nós está conseguindo as coisas que deseja. Pois tu sabes muito bem que meu único desejo era passar o resto dos dias contigo.”

Cartucha começou a andar entre as minhas pernas, peguei-a, coloquei no colo.
Está vendo no que essa brincadeira de viver me apronta. Depois de mais ou menos 10 anos surge com um “bilhetinho” desse. É pra chorar? Não, eu não irei!
Amassei o papel e o lancei em algum canto da sala, fui até a varanda respirar um pouco e observar a chuva. E lá estava ele, com ar de desespero.
Primeiro surge dizendo que se não o reconhecesse pela caligrafia e enredo era pra esquecê-lo, mas como? Ele sabia muito bem que era inevitável, mas fez questão de passar por uma de garoto esquecido. E agora encontrasse com ar de desesperado. Sinto pena, isso sim. – comentei com Cartucha. Era só o que me faltava! –completei.
Estava lá, parado, me olhando da varanda em plena chuva. Saí da varanda, desci as escadas, abri a porta.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Cotidiano


Há 7 dias atrás estava super ansiosa desejando férias e cá estou eu 7 dias depois, parecendo uma sedentária. Devorando música a torto e a direita e comida também. Viciada em Marissa Nadler, a voz dela é tão doce e fantasmagórica, algo extremamente fascinante. Podem escutar! Mas sim, essas férias estão um verdadeiro tédio, não sei o que é pior se é aula ou ficar dessa forma, estou super enjoada da minha cidade! Vivo praticamente no meu quarto, isso me dá certa calma.
Pintei duas telas (sou uma mera aprendiz, nada de esperar telas parecidas com a de Monet, Picasso... chegam nem perto) e estão penduradas no meu quarto, alguém tem que aguentá-las, nem que esse alguém seja eu mesma. Tenho que comprar tintas, telas, arranjar um local onde tenha poucas pessoas para pintar alguma paisagem, quero fugir do ambiente do meu quarto, talvez apareça boas idéias e vontade de fazer algo "concreto".
Estou lendo Meu Nome é Vermelho - Orhan Pamuk pretendo terminar essa semana ou no domingo, contanto que seja antes de segunda !
Hoje meu irmão está preparando a comida, só quero ver como vai ficar, o garoto promete está deixando salgada só pq eu disse que gostava, se ficar puro sal não sei o que será de mim! Agora imagine ele com 15 anos sabe cozinhar, eu aqui irmã mais velha um desastre. Não sei a quem ele puxou ... hahaha


Beijos pessoal!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Eu e a Razão


Aonde se encontra minha Razão? Outro dia a encontrei bordada de flores com seus mais favoritos doces, sorrindo açucaradamente para mim em um misto de paixão e renegação, seu olhar intuía que tudo não passava de uma brincadeira, era só seguir, continuaria lá com seus desejos infantis. Sentada em um balanço, o sorvete na mão, observando o céu de tal forma que parecia absorver todas as imagens para sempre. Não podia acreditar naquela situação, algo cômico pra falar a verdade, como pode a razão ser tão dispersa dessa forma? Sentei em um banco perto do canteiro de orquídeas, permaneci observando a minha razão: tão simples, tão infantil...
Ela rapidamente saiu daquele transe. Veio em minha direção. Sentou-se ao meu lado. Esbanjou seu sorriso mais irônico possível- sorria da minha provável cara de espanto. Completando com as suas costumeiras frases: "Tu senhora sem amigos, doces ou canções. Desejas tanto a mim sem saber o que posso lhe causar, fica sempre com esse ar patético, achando que a minha presença poderá te fazer crescer. Sendo que eu mesma jamais poderei fazer isso. De que adianta ter a mim quando não sabe nem viver? De que adianta ter a mim quando não sabe nem as dores que cada esquina lhe reserva? Desse jeito querida, tu vais continuar sem nada. Pois eu, sua Razão, chegarei laçada com todas as coisas que foram compostas na vida e não absorvida por um olhar instantaneamente. Vê se aprende!". Levantou-se. Sumiu.
Eu estava pedindo por isso, sempre a observar aquela criatura tão almejada e nunca poder tê-la, esse amor platônico, talvez um pouco de vida faça-me esquecer dela e talvez ela calmamente chegue a mim. Talvez... Quem sabe? Quem sou eu para duvidar da Razão?!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

E assim a vida segue ...


Como vocês podem ver nos meus posts mais antigos possuem algumas poesias (pelo menos é o que parece), então nessa brincadeira um colega meu achou super legal as coisas que escrevo e resolveu enviar pra uma banda na cidade dele, mas nesse vai-e-vem conversávamos sobre isso e eis que surge um garotinho que se propôs a transformar meus humildes versos em música, vamos fazer "n" reformas para tentar se adequar aos parâmetros e ficar com uma sonoridade melhor ( e fácil de ser memorizada), vamos fazer um enorme sucesso! hahahaha
Mas enquanto segunda não chega tenho que aproveitar o feriado da melhor forma, e qual seria? Estudando, é claro! Pois é, mas próxima semana eu estarei de férias e ficará tudo muito colorido e sabem o que eu irei fazer nelas? Estudar e ler, ler e estudar, longe do colégio tudo fica perfeito! Mas até a próxima semana tenho que fazer 15 provas em 3 dias. Ê vidinha...
Ultimamente eu estou achando um caco as coisas que eu escrevo, na verdade eu estou um caco e com isso minhas metáforas não ficam a flor da pele, não me condeno por isso, melhor do que escrever textos reflexivos com zero de imaginação e com a mesma linha de pensamento que milhões pessoas, quando não é inovador torna-se deprimente, pelo menos eu considero. Mas é sempre assim: um dia eu não gosto, no outro sim... É bom que diversifica.
Meu colégio e os militantes fiascos, onde já se viu propor uma passeata e a pessoa não se corresponde com quem aceitou a proposta e pra começar passou por papel para quem estivesse disposto assinar, sem se mostrar ou comentar sobre suas idéias. É cada pataquada que me acontece!


Beijocas!

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Efemeridade


Madrugada. Aula sete horas e eu nessa bendita internet, fazendo nada( pra variar). Essa cidade onde chove e faz calor simultaneamente, um verdadeiro terror! Não agüento mais, necessito de um pouco de frio (quem dera!), isso é o que acontece quando se mora perto da linha do equador.
Minha coluna dói e creio deitar daqui a pouco por conta disso, como seria bom poder não envelhecer ( ainda suspeito ter síndrome do Peter Pan, mas enfim). Como tudo passa tão rápido, já vou fazer 19 anos ( dia 30), que horror! Ainda me sinto como uma garota de 16, nem sei nada da vida ainda ( faz carinha de anjo) e creio que nunca saberei, afinal quem de fato sabe ? Mas esse tempo, poxa leva tudo, passa tudo! Nem sobra tempo para respirar! Como desejaria está na Terra do Nunca!
Minhas idéias a mil e uma estrelinhas saltitantes suspeitam da mais nova invenção. Aguardem, não irei comentar... as notícias correm rápido na rede ! xD
Dia dos namorados perto, cada vez mais perto e eu já tenho um projeto de relacionamento. Ele é bem alimentado, tem uma casa e passa bem, obrigada.
Quero ir embora, vou pra dentro da caixinha colorida!
Essa pirralha que vos fala, está com mais tédio que vaca perdida no pasto, e eis que surge um lado que meus caros leitores super cultos e adorados creio não conheciam ...
Essa moçinha de várias faces e estilos promete na próxima vez voltar com um text super decente! Até lá usufruam dessa panqueca atômica de urânio e polônio!


Até mais! Beijocas...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pensamento distante


Minha mente em um mundo caótico e repleto de antíteses tenta transcender ao seu limite da imaginação. Figuras mirabolantes, cores diversas, inusitadas formas em um misto de infantilidade e magia. Sem regras ou padrões, o mundo feito através da minha criação seria algo completamente surreal, uma lástima que seja apenas uma utopia, a minha. Seria desnecessário dizer que tudo isso remota da tristeza em que minha alma teima em carregar e esporadicamente surge como um furacão. É uma vida, mas não só uma vida.
Passo horas pensando, me angustiando, criando situações com profundo lirismo, mas de que adianta? Não passará de brincadeiras, uma verdadeira válvula de escape. Volto a desenhar mentalmente, reviro-me sobre a cama. Vou à janela na tentativa de sair um pouco de mim e olhar o próximo. Talvez alguém passe ou quem sabe a canção de alguma coruja me conforte instantaneamente. Nesse humilde silêncio que a noite me proporciona eu alimento sonhos e me aqueço com o seu manto negro, uma verdadeira sublimação. Todas as palavras decompostas que ficam guardadas em minhas entranhas; confesso serem somente minhas e compartilhar seria deixar cada vez mais exposta minha mente, tal como carne para os vermes. E eis o que faço e é ao que me dedico a ser revelada pelos outros, enquanto isso prefiro não acreditar no que sou. Até porque nós como seres curiosos amamos tentar adivinhar o que ocorre em outros pensamentos, soluções para as complicações de outrem são rápidas e prontas, enquanto as nossas vivem penduradas em dívidas. Logo me calo para as minhas, vendo meus olhos para as dos outros e sigo, posso ser considerada fria, mas garanto que não serei mais gélida que essas teorias repugnantes e incapazes de serem feitas por quem de fato sofre.
Retiro-me da janela, e tento dormir.
Beijos! Até mais ...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Ê vidinha....


São tão poucas emoções que eu nem creio e o pouco que aparece me abala fervorosamente, enfim não conseguir alcaçar a meta desejada na prova de cálculos, estou muito triste, não chorei, porém estou comendo mais que o normal, fora que ainda tem o vestibular [puttz]. Vou virar uma mulher-bomba, hippie ... qualquer coisa em que meu futuro seja facilmente previsto, quem sabe uma guerrilheira?! Não... seriam aventuras demais! Pra completar fiz uma redação super podre, aí definitivamente não só pisou no meu pé como jogaram uma bigorna em cima de mim.[kkkkk]
Depois dizem que vida de estudante é fácil e eu repito: NÃO É ! Vá arranjar tempo, só é fácil pra quem não estuda! O pouco de distração que eu levo é escrever pelos sites da vida. [ riam da minha desgraça,podem rir! não... melhor não]. Tenho que estudar mais Física I, legal é, mas quando eu penso em algo legal, não é uma coisa que de fato está 100% sob o meu controle, entonces a situação complica drasticamente!! [ alguém me socorre!].
Pelo menos minha criatividade pra desenhos andam a miiiiiil, apesar de que não estou produzindo quando aparecem aquelas benditas férias,... mas a cabeça roda e quando isso acontece não é muito bom perder o foco, até por que.... quem sabe quando ira aparecer novamente ? Eu mesma não sei!
Ai, ai... Eu sou uma pessoa tão frustrante e sem graça, certo chega desse momento blá blá blá xD

Vou estudar pessoal, beijão pra todos vocês!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Inspiração.


De onde será que vem ? O que nos faz sentí-la? Muitas perguntas para algo essencial nas mais diversas atividades, a inspiração. Uns dizem que é prática, outros que a pessoa já nasce com o dom, há ainda aqueles que comentam na genética. Mas cá entre nós eu acredito em tudo e mais um pouco, é claro que existem pessoas com certa facilidade para absorver mais daquela situação que está sendo exposta naquele momento, porém não é porque tu não consegue no primeiro instante que irá desistir, principalmente se for algo muito importante, aí é que vem a parte da prática.
Nunca tive habilidade extraordinária com os números, é claro que há assuntos que nos atraem, porém em sua grande parte eles não surtem nenhum efeito comigo, definitivamente os números não são meus bons companheiros de aventura. O pior é quando vem o desespero, eu choro, me irrito... não, isso não adianta em nada. Mas de vez em quando surge a luz, e eis que eu consigo fazer tudo coerentemente, mas a minha grande inspiração, veio da enorme prática anterior, se eu tivesse desistido na hora do desespero não teria conseguido nem metade. Um vida muito sofrida [ tá nem tanto!]. Hoje eu terei prova de cálculos, que a inspiração chegue e a pressa/stress se mandem !
Podem apostar que de fato querer é poder! Como também não adianta nada você ter o "dom que Deus lhe deu" e não aproveitar nada, colocando na balança o esforçado ganha mais!

Inspire-se!

domingo, 24 de maio de 2009

Cada coisa em seu lugar !


Bom pessoal, não irei colocar poesias nesse blog! Calma, sei que poucas pessoas o leêm, mas mesmo assim acho coerente colocar o motivo dessa mudança repentina sobre o conteúdo dele.
Sinto necessidade de falar sobre "n" coisas, mesmo sem muito tempo pra isso. Quando o fiz, o objetivo principal não era falar da minha vida, já que tive muitos blogs desse tipo e acabou me irritando profundamente a forma como eu o conduzia. Mas tudo tem seu momento certo!
Passei o olho em determinados blogs, e vi que poderia fazer algo totalmente do que fazia. Já que além do amadurecimento, existe também a quem você se baseia. Já que eu costumo dividir cada blog em um tipo de grupo, mesmo que seja inconsciente.
Vi que estava deixando minhas indagações sobre determinadas coisas que andam circulando sobre minha vida e possuo extrema necessidade de expressá-las mesmo que seja totalmente efêmera essa nessecidade e depois já não me faça mais sentido.

Com relação as minhas poesias quem quiser lê-las pode ir aqui :

Beijinhos

sábado, 16 de maio de 2009

Vida Circular

Quando menos se espera tudo ficará
sem volta
e
circular confuso
espiral inalcançável
mudo enjoativo
tristonho paralelo
enfadonho desigual
fantasmagórico irregular
aleatório fascinante
repugnante




Pura imaginação! Tudo não passa de uma parábola irregular,
tal como uma montanha russa
a sua
NÃO
a minha !


Sempre a de quem quiser encarar.

sábado, 9 de maio de 2009

Bianca

Venha! Corra! Entrelaça suas mãos nas minhas pois meu coração que palpita na dança dos ventos em direção ao sul. Encosta tua face em minha pele para que possamos sentir a força da natureza a favor de nossa união. Juntos.Sem outros corpos, histórias ou sofrimentos. Dessenhei por longas estradas um amor incapaz de me completar.Infeliz destino que conspirou contra nossa felicidade, mas eu hoje eu irei mostrar-lhe que nem só de pó é feito o homem. Através de lembranças que desencadearão vidas, irei contar-lhe sobre o que aperta o meu coração:
Nas tardes em que eu costumava passear pela aldeia.Com um graveto na mão seguia fazendo marcas no gelo, distraída com toda aquela situação. Sem me importar se o inverno iria ser mais rigoroso ou não. Pessoas tratavam de negócios, outras guardavam seus animais. Levantei meu rosto para observar aquela situação com mais detalhe, não esperando encontrar nada além do que já havia visto durante tantos anos. Continuei andando. Alguém surge avisando que meu pai me aguardava. Tudo como o previsto, nada além da rotina. Voltei para casa ainda arrastando o graveto. Provavelmente seria mais algum jantar para escolher o meu marido, ou quem sabe alguém para concretizar, sentindo uma imensa angústia eu seguia meus dias. Distraída com o tempo, alguém com uma carroça desgovernada atropela-me.Pronto, algo totalmente inusitado, seja lá quem for se não causou grandes danos merece meus cumprimentos, por fazer modificar parte daminha trajetória. Caí.
- Tu está bem?- Disse alguém estendendo a mão.
Segurei-a e completei.
- Bem não, estou ótima.!-Limpando a neve que ficara presa em minhas vestes.
- Algo novo pra quebrar com essa vida tão chata.
- Que bom! Fiquei preocupado, nunca me aconteceu isso antes. Esses cavalos, ficaram agitados de repente.
- Tenho que ir, ainda preciso visitar mais um cliente.

Imediatamente surge Lourdes:
- Bianca! Está machucada, o que aconteceu,você está bem ?
- Estou sim. De onde foi que tu surgiu?
- Estava comprando algumas coisas para o almoço aqui perto, escutei o estrondo e vim ver o que havia acontecido. Está bem ?
- Estou sim...Pelo menos algo diferente aconteceu nessa aldeia chata.
- Nem quero comentar sobre o tédio.
- Meu pai me chamou, tenho que ir imediatamente, esqueci completamente com esse episódio !
- Irei contigo, me aguarde um instante!
- Pronto! Vamos?!
- Sabe..., ele tinha olhos tão bonitos.
- Bianca, Bianca... Sinto que alguém foi alvo das flechadas!
- Que flechadas menina, só comentei dos olhos...
- E o que vocês conversaram ?
- Nada de mais...
- Não quero me casar com qualquer um, queria poder escolher meu noivo...
- Eu também, mas não podemos fazer muita coisa...
- Infelizmente...
- Chegamos, quer entrar Lourdes?
- E precisa perguntar amiga? Ainda quero saber o que se passa em sua mente!
As duas entraram dentro de casa sorridentes...

domingo, 3 de maio de 2009

Coração de ouro

Meu coração de ouro
Tão luminoso quanto o sol
Tão ardente quanto fogo
Pertencente aos metais
Aos ares e ao cais
Descongela no compasso da emoção
Através da semente de girassol celeste
Nessa leve quimera silvestre
Que desenhada em meu peito rude
Teima em surgir
Doce orvalho campestre
Que da minha vida tornou-se o leste
Sem ter por onde fugir ou partir
Esse coração que palpita
Que desdenha e se complica
Descongela ainda mais
Cada vez que te ver sorrir

terça-feira, 28 de abril de 2009

Cores


Retoco as lápides hexagonais
Converto formas estrelares
Sobrevoou as ondas lunares do cais
Sinto os mais intensos ares

O escarlate das emoções
Convence-me de sonhar
Perdendo as convenções
Correndo entre o mar

Em um mundo esquecido
Sob morros paralelos
Passando por eternas fantasias
Reinventando novos elos

Lançando cartas ao horizonte
Monocromáticas e sem sabores
Deslizam nos ventos do norte
Seguindo a expansão do seu controle

Conduzo-me através do cruzeiro
Buscando estrelas pardas
Distorcendo os espectros verdadeiros
Com minhas mãos pacatas

Saboreio as mais diversas cores
Comprometendo os meus amores
Retardando o sorriso alheio
Fazendo-o imaginar ser um devaneio

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Teatro das emoções

Minta segurando em minhas mãos
Olhando nos meus olhos
Esquecendo o tempo sem canção
Fugindo das verdades impostas

Observando tantas alegrias
Onde suspirarão tristezas no outro dia
Pensando nas palavras alheias
Tecendo frases com leve agonia

Vamos! Contarei histórias de caçadores
Mas sempre com um final feliz
Privando das cenas com a meretriz
Fingindo um palco de felicidades

Não suportarei ser simplesmente eu
Há tanto de mim em cada situação
Pretendo ser nós, eles e tudo
Vivendo cada pedaço do mundo

Mas espero que sua mentira surta efeito
Caso contrário meu palco será desfeito
E todo o meu sorriso irá se compactuar
Com a doce melancolia do Arlequim .

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Pobre coração.

Espira de meus pensamentos essas angústas, leia-o antes da renuncia, conte-me de fato o que há, destrua meus princípios.Ai, quanta dor guardo em meu coração.Porque ? Se eu não cometi nenhum delito ao me desprender. Devolva a chave da sabedoria, dita-me de cor o sabor de cada estrela.Usa-me como mapa para desvendar os mistérios dessa constelação. Diga-me se aquilo não passou de uma mera situação? Porque fazer sofrer esse pobre coração? Não cansa de ouvir o meu choro clamando pelo teu corpo?!Pelos céus, por tudo que te forneça felicidade! Retira do meu peito esses amargos cravos se há ainda alguma verdade.
Não contarei por quantas noites chamei pelo teu nome, não lhe importunarei com minhas declamarações de amor, não mais me arrastarei por entre pedras pra chegar ao seu sabor. Já não mais. Mas minha pobre vida continua presa a essa situação desagradável, longe do meu alicerce, presa a cacos. Aonde será que os meus deuses foram parar? Não escutam mais minhas orações? Já implorei pra Zeus, Baco, Afrodite dentre outras criaturas da razão, mas nada me preenche, nada. Como você acha que irei sobreviver sem o teu calor? Como irei seguir sem seu sorriso?Já não sei de nada que possua coerência. Já não sei de nada mais que me faça valer a pena. Não passo de mais um orvalho se sua oliveira.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Borboletas na vida de Fernanda


Dentro do quarto, Fernanda chorava por não ter tido tempo de salvar a borboleta que morreu na sua janela. Ficou observando o inseto colorido durante horas, tendo desejo de lhe devolver a vida. Tocou nas asinhas coloridas, mas não adiantava a pequena borboletinha já havia partido.
Com muito cuidado pegou-a e foi perguntar para a mãe o motivo daquele ser tão lindo não está mais vivo.
- Mãe, olha só o que aconteceu com essa borboletinha...
- O que foi Nanda?
-Ela morreu mamãe! Como faz pra ela voltar?!
-Não faz nada, queridinha... Não faz nada...
-Mas por quê?
-Ora, ora Nadinha... Como irei te explicar isso.
-Hum... Acho que já sei, venha para a varanda comigo filha...
- Está vendo todas essas coisas ao nosso redor?
-Estou...
-Pois bem, tudo na nossa vida possui uma finalidade. Chega um momento em que já cumprimos tudo o que deveríamos fazer, nisso a vida tem que seguir o seu rumo. Com sentimento de tarefa cumprida, nos despedimos desse mundo.
- Mas por que tudo tem que ser desse jeito? Por que temos que cumprir algo? Por que outras pessoas não fazem isso?
- Nós possuímos vontade de conquistar algo, e cada ser vivo possui um determinado tempo. Quando já estabelecemos todas as metas, já é tempo de repousar.
- Mas por que a borboleta foi embora? Eu ainda queria observá-la voar!
- Fernandinha, a borboleta precisava seguir um rumo, você deve seguir o seu. Não é por que você ainda terá muita coisa para observar, que já não tenha acontecido o mesmo com ela.
-Está vendo aquela árvore filha?
-Estou.
-Desde muito antes de tu nasceres ela já estava ali, nela moram uma infinidade de coisas. Mas o seu tempo um dia irá chegar, ela está nos proporcionando milhares de coisas. Porém quando ela terminar a sua jornada nesse mundo ela irá embora.
-Não devemos nos apegar a nada demasiadamente, tudo tem o seu limite, o certo é preservar, manter. Mas quando não há razão para isso, deixamos cada coisa tomar o seu rumo.
Nesse momento Fernandinha saiu correndo foi para debaixo da árvore. Observou a borboleta que estava em sua mão, e disse:
- Um dia irei terminar a minha meta nessa vida, e quando chegar esse dia talvez eu possa voltar a ti observar. Adeus minha amiga passageira!

domingo, 5 de abril de 2009

Escultura

Remodela-me a vida
Desfaça este véu
Rasga-o completamente
Com os teus lábios de mel
Sinto intensamente
O teu toque
O teu suor
Demonstra-me com tuas veias
A chave para algo maior
Esquecendo dos limites impostos
Retorcendo os moldes como pó
Transformando-nos em artefatos
Entrelaçados num só
Queimando intensamente
Com as chamas fugazes da paixão
Para no fim
Retocar-me os detalhes
Dessa dança feita com as mãos

sábado, 4 de abril de 2009

Por você

Tempo, espaço infinito
Eu gastaria parte dele por você
Alimentaria seu ego para sua felicidade
Mergulharia nessa vida sem razão
Ouviria as estrelas
Agüentaria os desastres do mundo
Ganharia o pão por ti
Oraria mil e uma vezes para te proteger
Refletiria alegria a minha volta
Amaria sem limites

Olhos

-Onde estão os teus belos olhos?
-Os arranquei para não sofrer com os teus.

Flores

Horizonte não tem fim
Desprendo-me da razão
Busco esforços que outrora me eram concebidos exacerbadamente
Roubarei as tulipas do teu jardim
Colocarei rosas e jasmim
Adoraria contemplar o teu sorriso todos os dias
Seria uma maravilha te amar
Achando que o azul do céu existe para nos abençoar
Viver sem rancor por futilidades
Esquecer dos problemas do mundo e viver.




Por você.

Imaginação

Doce jardim de gardênias
Liras, cores e purezas
Observo a margarida e sua alegria
Resplandece amor todo dia
Crianças correm sem parar
Sorrisos e gargalhadas são perdidos no ar
Raios solares motivam essa visão
Mero fruto da imaginação
Mas até onde fomos impedidos de sonhar?
Além do desejo de ser feliz
Borboletas sobrevoam essa observação
Espero um pouco mais de amor além desse devaneio

Palavras para ninguém

Atrás das folhas que caem sobre tua face o tempo segue sem dar satisfações. Olhares mais atentos para o presente revela vitórias e desgraças do passado. Entre a linha da vida e da morte você se refaz trazendo novos rumores à tona. Ache a solução para as almas perdidas em seus pensamentos. Muitos dizem aleluia por algo que não tem. Você simplesmente sorri longe dos problemas que o cercam, não é fácil seguir a vida em frente mesmo sabendo que não precisa preocupar-se. Ache a solução para a misericórdia divina. Ache razão para as soluções que aparentam não se igualar com suas respostas. Um pé a frente dos seus pensamentos. Vozes no além o dizem para não desistir dos teus sonhos. É fácil ver as coisas se desgarrarem, aceitar situações, o difícil é ter de conviver com elas. Olhando para o céu você percebe e senti que algo está nos esperando.
[2007]

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Passado

Sob o manto da calma
O tempo passa frio e lento
No movimento sem alma
Prevalece o súbito desejo

Entre primaveras e outonos
Outros ventos te cobrem o leito
Que sem fundamento
Preenche o pouco vazio que temos

O que foi presente torna-se passado
Essa doce lembrança acolhedora
Permanece e supre o vazio

Atrás das lindas flores da manhã
Eu guardo e vejo o teu sorriso
Momento irreal e confortador
Apenas guardo as lembranças
Do tempo que passou.

Desperdício

Parada no tempo esperando os dias voltarem.
Este tempo que me persegue
Este tempo que eu desperdiço
Pra que?
Por quê?
Atrás de toda ventania existe uma tempestade. Para que me preocupar com os fatos que não irão me acrescentar em nada?Para que pensar que tudo poderia ser melhor, senão foi?!
Procuro rumores para saber se tu estás bem, mas não adianta...Você não consegue enxergar que eu estive o tempo todo com você.
Adeus.
[2007]

Faz um certo tempo...

Vão-se os tempos de calmaria. Olhe para a luz e diga-me o que mudou, além do precipício existem outras vidas. Mude de lugar é o que lhe aconselham, mas o deserto vem lhe acolher de forma misteriosa. Ninguém diz o que realmente acha saber, entre as dores existem outros amores, se foram os belos sorrisos, as faces mostram-se podres. Queria poder deixar o vento me mostrar o outro lado do céu azul, viajando nas ondas celestiais, apenas tentando esquecer o tempo, tentando viver sem motivo algum.

[2007]

domingo, 29 de março de 2009

Jardim

Venha!
Suga-me toda a energia
Iniba-me de cada movimento
Destrua-me somente com um suspiro

Corte!
A raiz encravada no meu peito
Seque-a com o teu jeito
De jardineiro semeador

Cultiva!
Entre nós um jardim resplandecente
Que destrua os males da minha mente
Para que eu retorne a cantar

Cuide!
Para que minhas folhas não sequem
Nem me regue para entrar em turgência
E ficar entediada com tanta delicadeza
Isso definitivamente será o fim!

Carmenzita, Carmenzita

Carmenzita, Carmenzita por onde andas filha de Deus ? Tua mãe já caiu em prantos e você nem apareceu! Andei milhas, subi morros procurando por sua feição, onde tu andas pequenina? Apareça antes que eu perca a canção! Na estrada, na floresta, nos desertos até Canaã descobri importantes rendas para te comprar amanhã! Corri nos pastos, comprei camelos, vendi linho lhe trouxe um brinco, mas sua brincadeira já está me deixando sem destino. Me desatei a chorar rimas que tentam alegrar, mas onde será que a minha Carmem deve está?
E o coração chora
E o coração já se esvair ou
Do nosso pobre personagem, hoje não lhe resta amor.
Da Carmem nada se sabe, só que dessa vida largou. Uns dizem que foi pra Londres, outros para Moscou. Deixou sua mãe já idosa, muito ouro e muita dor. Alguns dizem que anda cantando, outros que virou flor.

terça-feira, 24 de março de 2009

Cotidiano


Com tanta coisa pra se fazer, acabo não tendo tempo pra mim. Nada de muito inovador a cada dia, a situação anda se apertando cada vez mais, pricipalmente pelo fato de ficar cada vez mais perto da bendita prova do vestibular. Ai, ai ... essa vida me condena, tenho que me prender mais aos livros e evitar distrações, fazer o que né ? Otem foi o show das negações, confesso que nunca fui o melhor exemplo nos estudos, mas não sou o pior grão de farinha, resta de fato, ou sobra em demasia arrumar os meus horários, e me dedicar as exatas [aff]. Nunca mais saí por diversão,procuro me centrar o bastante, mas essa maldita internet ainda existe pra me azucrinar! Argh...
Por esse dias ( um tempinho atrás pra falar a verdade) me apresentaram um site interessante o
SKOOB, achei muito a interessante a idéia dele onde enfatiza compartilhar com amigos a afinidade pela leitura, caso não tenha o livro listado imediatamente tu pode colocá-lo,... Vale a pena observá-lo.
- Troquei de colégio;
- Indecisão quanto ao curso;
- Voltei a retocar um quadro ( creio que nunca havia comentado dele aqui);
- Preciso de tempo;
- Está muito calor na minha cidade;
- O rio que abastece está super seco, devido a falta de chuvas;
- Pretendo terminar ainda hoje Vidas Secas ( ótimo tema para o clima que está aqui xD );
Já vou , pois ainda tenho que estudar ;*

sexta-feira, 20 de março de 2009

Renascer




Venha! Destroça-me com tua arrogância
Libera as chagas cravadas no teu peito
Conserta o teu destino sem afetos
Retoma na minha presença a infância

Perceba os males dessa ganância
Que só nos fez destruir a paz
Não resolva voltar atrás
Nem tema a leve constância

Rasga da garganta essas facas cravadas
Deixe-me limpar tuas leves marcas
Elas hão de cicatrizar,
Mas ficarão contigo como lição deverás
Passarás a ser anjo e não mais fera
Descobrirá que em toda essa selva
A uma enorme chance de voltar a sonhar

Sem anseio do passado sórdido
Esquecerás o quanto foi ignóbil
Flutuará na mais terna brandura
E alimentará sua alma resoluta
Esquecendo o que é ser bruto
E sem privar-se de ser o mar.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Palavras

Longe
Entre
Dentro
Permanente
Consistente
Envolvente
Atraente
Decadente
Intencional
Pessoal
Impessoal
Indecisão
Felicidade
Tristeza
Palavras somadas com certa avareza
Que revelam o sentido de uma vida
Sem amor.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Perdida

Minha alma entristece,
Quando nossos olhares não se cruzam
Meu corpo adoece clamando o seu
Os meus pensamentos sublimam
As palavras fogem
Envolvo-me com sentimentos pagãos
Teço estradas em uma vida afã
Renuncio a música
Pois você não está nela
Triste dia para o recomeço
Longe é a sombra da noite que contemplo
A cada laço desfeito
Uma história renunciada
Os pequenos momentos
Serão esquecidos com o tempo
Sei que nada será como antes
Mas o ontem pode renascer
Estou entre a cruz e a espada
O dia já adormeceu
Porém a noite não veio
Mesmo assim continuo perdida em você.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Talvez

Há algo em mim que precisa melhorar
Venho de difíceis caminhadas
O que você queria dizer quando insinuou aquilo?
Por acaso não vê o que de fato está acontecendo?
O nosso mundo sendo castigado com pratos quebrados
Há uma luz vinda da sua direção
Ela esta destorcida
Você disse para desistir,
Qual direção seguir,
E o que fazer,
Longe de mim tuas mentiras
Quem me castiga mais que o tempo?
Estamos tão distantes
Meus pés calejados,
Minha boca sem o gosto dos teus lábios,
Já não quero mais viver...
Já não quero,
Não quero,
Talvez ainda queira você.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Alegria.



Veja!
Quão bonita é a sua natureza
Sempre desfilando com gentil nobreza
Para os mais perdidos olhares dessa terra
Sinta!
A vida se curvando diante dela
Seus passos seguindo na passarela
Sorrindo a espera de uma grande paixão
Dance!
Pois somente no embalo poderá admirar
A mais perfeita forma desenhada no ar
Iluminando a todos com o seu esplendor
Sorria!
Pois eliminando todas as tristezas
Encontrará o que realmente deseja
Guardada em seu coração
Ó! Alegria minha,
estarei sempre a sua espera!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O último beijo


A rosa. Outro dia. Uma estação.
A primavera e os sorrisos,
Canções alegres , um momento
Uma praça, fogos de artifício
Um banco, um jardim,
Orquídeas, cravos,
Eu,
Você,
Algumas palavras,
Gestos e olhares,
A janela aberta para a vida,
Estrelas saem do oceano,
Sinos, crianças e velas,
Surge o semblante sério
Um papel com alguma coisa escrita,
A lágrima,
O último beijo,
Sua partida.
Crianças voltam para a casa,
Os fogos já não explodem mais
As estrelas sumiram do céu,
O vento que apaga as velas,
E lá vem ela na sua mais perfeita forma
Segurando sua rosa preferida
Minha solidão amiga.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Perdida em sonhos

Meus pensamentos não pertencem a este mundo. Estou presa a um passado irreal, um misto de fantasia e desejo. Perco-me nos sonhos, percebo que estou perfeitamente humana neles, quanto tempo tudo isso permanecerá assim? Uma vida triste onde eu não posso te encontrar, nem sei a que me segurar.
Sinto tua falta, quero sua respiração junto a mim meu eterno amado. Envolvo-me com as músicas que permitem essa leve sublimação. Onde será que se encontra minha razão? Sinto amor por algo que nunca toquei realmente, pobre criança sem seu doce, estou presa a um labirinto surreal. Almejo saber se aquilo não passou de uma mera ilusão, algo que realmente vivi, não há mais nada. Ficarei contando os dias, olhando as estrelas, sentindo meu coração apertar a cada vez que me lembro de tu dizendo que iremos ser felizes.
Meu doce amor, não há nada mais fascinante que a tua presença. Encho-me de alegrias, resplandeço felicidade quando te vejo, pois somente tu sabes me tirar deste mundo. Por mais que choremos, independente de tudo que iremos passar, sei que estaremos juntos ao final. Minha leve ilusão de ser feliz. Busco somente em teus braços um recanto para toda a vida, buscarei todas as formas possíveis para ficar perto de ti. Estamos perdidos em mundo diferentes. Infeliz destino.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Banqueiro

Em uma noite fria e nublada Ramon seguia sua partida em busca de novas terras, ele um jovem de 24 anos membro de uma das famílias mais nobres da Espanha, estava falido como outros amigos companheiros de aventuras. Vivendo sempre no luxo aproveitando o que havia de melhor, encontrava-se perdido por tantas dívidas que contraíra, vira morrer algum de seus colegas devido a contratos não pagos, temendo sua morte, Ramon decidiu viajar em busca de chances para recuperar sua fortuna. Não era uma tarefa fácil, ele sabia muito bem, mas nada é impossível principalmente para a mente de um jovem. Levando algumas provisões, um pouco de moedas que ainda lhe restava e seu fiel companheiro Martins, seguiu montado em Artes, um dos poucos cavalos que lhe restára, porém o melhor.
Já haviam passado 3 dias e duas noites cavalgando com quase nada de descanço, desejavam ir até a França, pois lá possuía a família materna e uma de suas tias sabendo da sua situação resolveu ajudar. A tia morava na cidade, Anne era o seu nome, não possuía o feudo imenso que o seu pai possuíra, era uma senhora de meia idade, não havia se casado e ficou com o pouco da fortuna que restou do seu avô após o falecimento do mesmo.
Ramon chegou na casa da tia totalmente exausto e faminto na casa da tia, e Martins não ficava pra trás. Anne correu para ajudá-los, chamando e ordenando comandos a algumas de suas criadas.
- Queridos venham, estão muito cansados ! - disse ela olhando para a péssima aparência de ramon -Anastácia, leve-os contigo e chame as outras meninas para auxiliá-la!
Depois de todos os cuidados eles foram levados aos aposentos, só acordaram no outro dia já recuperados da longa jornada.
Ramon levantou-se mais tarde do que o de costume, não se lembrava de muita coisa, pois havia muito tempo que havia ido na casa de Anne. Abriu a porta e olhou para os lados para ver quem aparecia, apesar de não ter se casado, sua tia soube muito bem contornar toda a situação, e contruiu algumas coisas, aumentando a sua riqueza. Morava na cidade pois facilitava os negócios, já que não precisaria deslocar-se constantemente.
- Ramon ?! - Era Martins.
- Olá, que horas são?
- Meio dia, sua tia te espera, quer conversar logo sobre os negócios.
Ele ficou um pouco espantado, pois achou que a tia fosse demorar um pouco para tocar no assunto, voltando-se para Martins disse para esperá-lo, pois imediatamente estaria pronto.
-Vamos?
-Sim.
A casa era realmente interessante, até então ele não sabia o que sua tia queria, tinha apenas a noção de que era uma boa oferta. Martins o guiou até o escritório onde Anne se encontrava. Apesar da idade era ainda uma mulher muito atraente, Ramon não entendia o motivo de não ter se casado e parecendo adivinhar o seu pensamento completou.
- A falta de princípios e regras para com o casamento e a vida, foi um dos motivos pelo qual evitei me casar. E olha só, hoje vários homens que duvidaram da minha habilidade com os negócios estão querendo auxílio, mas não é de forma fácil que irei lhes ajudar. E é aí que você entra.
Ramon apesar de não compreender perfeitamente a meta da sua tia, começou a se interessar com a oportunidade.
- Há muitos comerciantes falidos que vem pedir empréstimos, porém nem todos conseguem pagar, e acabam perdendo alguns bens que contabilizados valem o mesmo ou até mais do que eles pediram. Sua função daqui por diante será essa, como já estou cansada e alguns deles fogem tu se encarregarar de cobrir a oferta, mandar homens buscá-los ou até mesmo tu, e trazer de volta os bens, 30% será seu.
A tia percebeu o brilho nos olhos do sobrinho, e sabia que ele gostara do trato.
-De acordo?- disse Anne estendendo a mão.
- Sim- pensou por alguns instantes e continuou- 30 % não é pouco minha tia?- Indagou o jovem rapaz.
Com um leve sorriso nos lábios a tia respondeu.
- Tu não sabes de quanto estamos falando meu querido, por tanto eu aceitaria de bom agrado esse cargo, até por que tu não tem nada a perder.
Estendendo a mão Ramon aceitou a proposta. A tia lhe deu as primeiras coordenadas e o jovem saiu da sala com ar triunfante. Martins o esperava na porta da sala.
- Vamos parceiro, temos muito o que fazer.
E Martins seguiu atrás deles tentando acompanhar os teus passos.
Continua . . .

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

A boneca e o enterro.

Fechem as cortinas, a boneca acaba de ser jogada ao chão, seus pedaços espalhados entre os outros personagens. A platéia presencia aquilo de forma horrorizada, mas ninguém se move, todos permanecem parados, com a expressão de dor. A vassoura logo surge varrendo os cacos e levando para um dos lixeiros, que se aterroriza com a fria despedida, não era para ser assim, porém o que fazer ?
Amanhã não haverá espetáculo, um ou dois dias de luto para a boneca e tudo voltará ao normal. Os pássaros não aparecerão, o vento se calará, o sol adormecerá e tudo se voltará para o mais intenso luto. As orquídeas se jogarão no caixão e desejarão serem enterradas com a boneca. Triste dia para o espetáculo, o diretor lamenta, mas sabe que irá ter que prosseguir. Todos irão declarar tristeza, derramarão chá na grama, quebrarão as xícaras nas paredes, rasgarão os roteiros, e logo refazem a maquiagem. O sol sairá do luto, a natureza voltará ao normal e tudo estará na mais perfeita ordem para as cortinas abrirem novamente.