sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

[Livro] O velho e o Mar, Ernest Hemingway


Editora: Bertrand Brasil
Edição : 1 / 2013
Tradutor : Fernando de Castro Ferro
Páginas:126

SINOPSE

Dando início à renovação da identidade visual das obras de Ernest Hemingway, a Bertrand Brasil relança "O velho e o mar", um dos principais livros de sua carreira. Título mais vendido do autor no Brasil, foi agraciado com o Prêmio Pulitzer, em 1954.Depois de anos na profissão, havia 84 dias que o velho pescador Santiago não apanhava um único peixe. Por isso já diziam se tratar de um salão, ou seja, um azarento da pior espécie. Mas ele possui coragem, acredita em si mesmo, e parte sozinho para alto-mar, munido da certeza de que, desta vez, será bem-sucedido no seu trabalho.Esta é a história de um homem que convive com a solidão, com seus sonhos e pensamentos, sua luta pela sobrevivência e a inabalável confiança na vida. Com um enredo tenso que prende o leitor na ponta da linha, Hemingway escreveu uma das mais belas obras da literatura contemporânea Uma história dotada de profunda mensagem de fé no homem e em sua capacidade de superar as limitações a que a vida o submete.

Aspectos gerais sobre o escritor 


    Considerado por muitos um dos melhores escritores, Ernest Hemingway nasceu em 1899 nos EUA, tendo deixado em sua trajetória um legado muito forte para a literatura, incluindo um prêmio Nobel com o livro desta resenha "O velho e o mar". Ernest participou de guerras, morou em Paris (quando a cidade tinha um estilo de vida barato para os padrões atuais) em um período onde os anseios artísticos eram efervescentes naquela cidade o que levou a conhecer e conviver com figuras como Fitzgerald, Gertrude Stein no período denominado "geração perdida". Sua vida amorosa foi repleta de amores que culminaram em alguns casamentos e diversas mudanças de "ares", pois, ele morou além dos locais citados em Havana e na Espanha. 
  Tendo obras tão notórias serviu de inspiração para outros escritores tais como Gabriel Garcia Márquez que admirava Hemingway por seu estilo conciso e de poucos adjetivos. Porém, aos 61 anos, o autor teve um fim trágico pois sua morte foi através do suicídio, é certo que em inúmeros dos seus textos o tema da morte era bastante presente e sua saúde já não era uma das melhores só que acontecimentos do tipo são sempre inesperados. O velho e o mar foi o seu último livro em vida, no entanto, o autor possui alguns livros póstumos.

Sobre o livro: O Velho e o Mar


    Irei contar brevemente a historia já que pelo fato do livro ser muito pequeno poderia correr o risco de ter inúmeros spoilers, logo, me atentarei para as impressões que esta leitura me proporcionou. Óbvio que cada indivíduo tendo um conceito diferente da vida transforma o olhar para as coisas um tanto distinto, então... Se algum de vocês possuírem outras ideias ou passagens complementares pode contar aqui nos comentários que eu adoraria ver qual foi o efeito da obra em outras pessoas!  
    Tendo por fundo da história uma vila onde a economia é movimentada pela pesca nosso personagem principal, Santiago, um pescador de 85 anos vive na sombra dos seus dias de glória, e estando com azar, pois nunca mais pegou um peixe, outros pescadores o enxergam com revés. Mesmo com toda má sorte há ainda o seu púpilo chamado Manolin que ainda tem grande admiração e o ajuda nas tarefas diárias, porém, como o menino precisa arrecadar dinheiro para a sua família, o seu pai deu preferência para que ele trabalhasse em uma embarcação de sorte e colhesse bons peixes com isso.
    Após tais passagens o velho Santiago resolve dar a sua última cartada e tentar a sorte novamente,... Vai que ela não dá uma mãozinha, não é mesmo?!
    A parte seguinte é a luta e paciência do Santiago com as adversidades que ele encontra em sua saga e o desfecho. O livro nos transmite uma bela mensagem de esforço, perdas, vitórias e que da situação ruim podemos tirar um fruto positivo dela. 
    Com uma abordagem marítima as imagens criadas em minha mente foram surpreendentes, visto que possuindo diversas tonalidades de azul ( o céu e o mar) causa um certo conforto e por mais que a escrita não seja voltada para os adjetivos, tais adjetivos vão surgindo em nossa mente e dando uma característica profunda à obra. 


   Tentei evitar contar o final, porém, para os que já leram, ou para os curiosos, eu achei essa linda animação com tons de aquarela contando história do livro que foi vencedora do Anima Mundi 2000. Espero que vocês gostem!


quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

(re) volta

           

             Faz muito tempo que não tenho tempo para postar algo, não que o mínimo de tempo que se leva para digitar algumas palavras dependa de meses, porém, quando você está focado apenas nisso a situação flui com mais facilidade. E obviamente que pela minha nata falta de organização acabei tendo pouco tempo tanto para o blog, quanto para prováveis momentos inspiradores para postar algo que eu considere legal... Tendo em vista que meus posts são bem rápidos e eu sempre procuro o "mínimo do mínimo" para não me atrapalhar, nem o "mínimo do mínimo" existiu.
            Apesar de poucas pessoas aparecerem nesse humilde espaço, (rsrs) há uma necessidade de escrever para passar os dias e como eu estou no começo dessas doces férias, voltarei aos escritos e dicas que andam meio enferrujados (as).


Beijos

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Imaginação Marítima


Setenta metros de profundidade 
De um azul beirando a escuridão
Onde não há mistério sobre as estrelas

Em uma cidade subaquática assombrada
Criada numa antiga embarcação

Setenta metros de profundidade
Para encontrar um tesouro perdido
Desvendar um mundo quase proibido
Dos seres assustadores sem imaginação






domingo, 4 de agosto de 2013

Dica musical: Koop




   Hoje irei comentar sobre uma banda que me é querida, pois, na sua leveza e mistura de sons trás a nostalgia com toques de modernidade, tal projeto musical chama-se: Koop. 
    Koop é um grupo sueco de jazz eletrônico composto por Magnus Zingmark e Oscar Simonsson. O seu trabalho é basicamente a fusão de diversas músicas, logo, o que se imagina ser uma orquestra super doce são samples, cada sonoridade vem de um lugar diferente. A única coisa que não vem de outras fontes é o vocal, inúmeros artistas já emprestaram suas vozes para o duo. Pelo fato de precisar de uma organização sonora mais detalhada a produção torna-se lenta e novos trabalhos aparecem depois de um bom tempo. 





sexta-feira, 26 de julho de 2013

Quote Literário: Cem Anos de Solidão





Sinopse: Em Cem anos de solidão, Gabriel Garcia Márquez narra a incrível e triste história dos Buendía - a estirpe dos solitários para a qual não será dada uma segunda oportunidade sobre a terra. O livro também pode ser entendido como uma autêntica enciclopédia do imaginário.

Taciturno, silencioso, insensível ao novo sopro de vitalidade que estremecia a casa, o Coronel Aureliano Buendía compreendeu de leve que o segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão. Levantava-se às cinco da manhã depois de um sono superficial, tomava na cozinha a sua eterna caneca de café amargo, trancafiava-se o dia inteiro na oficina, e às quatro da tarde passava pelo corredor arrastando um banquinho, sem observar sequer o incêndio da roseiras, nem o brilho da hora, nem a impavidez de Amaranta, cuja melancolia fazia um barulho de marmita perfeitamente audível ao entardecer, e se sentava na porta da rua até que o permitissem os mosquitos. Alguém se atreveu, certa vez, perturbar a sua solidão. 
— Como vai, coronel? — disse ao passar. 
— Aqui firme — ele respondeu. — Esperando o meu enterro passar.

Gabriel García Márquez, Cem anos de Solidão

quarta-feira, 24 de julho de 2013

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Quote - Graciliano Ramos, Vidas Secas








Então porque um sem-vergonha desordeiro se arrelia, bota-se um cabra na cadeia, dá-se pancada nele? Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas as injustiças. E aos conhecidos que dormiam no tronco e aguentavam o cipó de boi oferecia consolações:


- Tenha paciência. Apanhar do governo não é desfeita.

Mas agora rangia os dentes, soprava. Merecia castigo?

- An !

E por mais que forcejasse, não se convencia de que o soldado amarelo fosse governo. Governo, coisa distante e perfeita, não podia errar.


[Graciliano Ramos, Vidas Secas]





Nota:  
Hey people, 
            A mudança repentina no nome foi ocasionada por existir uma outra página com denominação idêntica . O conteúdo permanecerá com mesma a proposta anterior (literatura, filmes, quotes...). Espero que esse novo título dê a característica única que esse espaço propõe e merece. O que era "Brisa de Palavras" tornou-se "Suspiro de Arte". A nova designação se deve ao fato de que um suspiro pode ter diversos significados, assim como a arte, e cada ser humano carrega uma percepção visual e sensorial única, logo, essa brincadeira com a nomenclatura irá depender do estado que você, meu querido leitor, se encontrará.  
Um abraço,
Suspiro de Arte. 
O lugar onde as ideias procuram ser doces.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Filme : Um Estranho no Ninho




“Não se dão ao trabalho de não falar em voz alta sobre seus ódios secretos quando estou por perto, porque pensam que sou surdo e mudo. Todo mundo pensa isso. Sou suficientemente vivo para enganá-los a esse ponto.”





Sinopse: Randle Patrick McMurphy (Jack Nicholson), um prisioneiro, simula estar insano para não trabalhar e vai para uma instituição para doentes mentais. Lá estimula os internos a se revoltarem contra as rígidas normas impostas pela enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher), mas não tem idéia do preço que irá pagar por desafiar uma clínica "especializada".



Reflexão da Blogueira


   O filme retrata de forma vívida a maneira como os manicômios nos EUA cuidavam dos seus internos, onde, com técnicas consideradas abomináveis, submetia os pacientes ao uso do eletro-choque, tratamento considerado rudimentar e grotesco, no qual deixa o indivíduo em um estado semelhante ao vegetativo e que não apresenta real benefício. Além dessas críticas, cada personagem do filme transpõe a sua loucura de modo que a personalidade deles chega ao pico das características no quesito loucura. O filme tem cenas hilárias e frases que nos levam a uma análise.
   Acredito que muitos estudantes da área da saúde, principalmente, possam se interessar pela temática. 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Carta ao amigo - Roberta Melo




Prezado amigo,



   Era claro que já não havia mais tempo para continuar a sonhar, cantar ou usufruir daquela vida que dantes parecia recheada de surpresas e novidades. Já se passou quase 10 anos desde a primeira vez que dei o primeiro beijo e senti as famosas borboletas na barriga. Sonhos que foram previstos para serem concretizados depois desses mesmos 10 anos,... Noto que nada ou muito pouco restou deles. 

  Essa vida transformada em tonalidades frias e inertes toma conta da atmosfera e o passado, anteriormente visto em tons alegres e com gosto de arco-íris, ficou por lá. As novas descobertas são marcadas pela apatia e tédio, e estes, já não me angustiam da mesma forma de como quando era adolescente. Lembro também de como me tornei tão serena ao encarar os momentos agressivos da vida pública, onde, em momentos de infância, acreditava que aquilo era uma coisa dos adultos e nessa leva de hormônios indo e vindo, percebo que me tornei um e que nada está no meu controle; nem o meu país, nem mundo.

   Mentiras e palavras vazias são esfregadas em nossa vida dia após dia, ano após ano nos transformando exatamente nisso, em robôs. Nem todo livro lido, nem toda aventura desejada e nem as ideias de mudança conseguiram modificar a sociedade. Vejo que isso apenas serviu para construir o meu eu e para tornar tal habilidade, quem sabe, em uma forma gradativa de conseguir dinheiro. Pessoa programada para perder o sorriso, ser pai e ser mãe ao mesmo tempo, induzida a ter uma religião e, posteriormente, a pisar nela diariamente, pois, mesmo querendo construir um céu mais amplo, a vida nos leva a ver e fazer coisas cruéis. 

   Vivemos a comer nossa própria língua, a beber o nosso próprio veneno, a achar comum roubo e a indisciplina, tendo o amoral como direção a ser seguida. Pois é meu amigo, ensinam-nos a ter tudo ou nada, mas, que no final, recebemos a mesma dor, o mesmo medo. 

   O não cumprimento da lei liberou a onda anárquica no mundo político no qual tudo é possível e os pobres, como sempre, ficam longe do sonho e aptos somente para seguir uma doutrina inexistente. 

   Hoje, caminhando na calçada como já fazia em outras tardes, essa nobre personagem desatou em lágrimas.

Atenciosamente, 
A Pessoa

P.S. Lembre-se de entregar jabá ao rei!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Nem seu choro, nem sua reza. - Roberta Melo


Na fúria, saiu apressada e sem pensar de maneira coerente sobre o que lhe acontecia. Havia um sabor opaco em si. Suas pernas estremeciam. Estava entre devaneios... 
Nossa personagem guardava sempre o melhor de si para os outros e, na penumbra, renunciava aos seus mais sutis desejos. De renúncia em renúncia; castrou-se. Sua boca que antes cantavam versos sobre a aurora foi ganhando o hábito de lentamente emudecer. Falava miudinho, falava para si. Quando imaginava sair alguma voz, era apenas sua alma ou mente conversando consigo mesma. Imaginava que os outros a escutava. Imaginava que tudo o que era dito transformava-se em poesia. Apenas imaginava.
Seu reflexo e sua dor eternizados na imagem que observara no espelho. Esse tempo de singela restrição vocal tornou-se propício para que mudanças sensíveis ocorressem em seu corpo. Sua boca colou-se de maneira lenta e imperceptível. Seus lábios uniram-se ao palato e, só assim, em seu reflexo, percebeu que a sua voz ecoava internamente. Queria gritar, pedir ajuda; não podia. Tornara-se sem voz, não podia chegar aos outros.
Seu corpo agora se encontrava marcado pelas linhas da vida. Nós que se entrelaçaram a sua existência, ao seu âmago. Nem seu choro, nem sua reza poderiam proporcionar a sua salvação.


                                                                                                    Roberta Melo


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Leonid Afremov

    As telas desse pintor bielorrusso são cheias de cores e alegria. A mistura exata trás esse belo efeito no qual remete a movimento e acolhimento. Os quadros são lindos, não acham?!










sexta-feira, 29 de março de 2013

O Leitor (The Reader) - 2008


     


      O Leitor retrata a história de amor entre Hanna e Michael, onde, no auge de sua adolescência (aos 15 anos) descobre a paixão por uma mulher mais velha.  A peculiaridade dessa história se encontra no fato de que após os momentos amorosos Michael lia para Hanna livros que ele pegava na biblioteca da sua escola ou que aprendia em alguma de suas aulas. As obras variavam desde quadrinhos das Aventuras de Tim Tim até a Odisséia. Apesar de sua densa paixão percebemos que em determinado momento Michael sente-se dividido entre sua vida escolar, amigos e a sua amada.

   Tal relacionamento ajudou relativamente no amadurecimento de Michael possibilitando que ele pudesse perceber o amor, porém, com a repentina partida de Hanna os dois amantes passaram a seguir rumos diferentes; ele se tornando estudante de direito e ela guarda de campos de concentração. O que torna a peça chave do filme é que mesmo tendo vidas diferentes eles acabam se encontrando no tribunal; ele ainda como estudante apenas assistindo ao julgamento e Hanna no papel de uma das rés.

     A sensibilidade com a qual o filme toca tanto com relação ao poder da leitura e escrita na vida da pessoa, quanto a vergonha do indivíduo em admitir suas fraquezas perante a sociedade é emocionante.

    O filme que possui a duração de aproximadamente duas horas e é recheado de bons diálogos, atuações, fotografia, pois, apesar de tocar em um assunto sério consegue atravessar a dura realidade e transmitir a mensagem de uma forma lúdica típica do cinema. Essa história foi baseada no livro homônimo no qual o título original é Der Vorleser. Possui, também, a brilhante Kate Winslet como Hanna Schmitz cujo papel lhe rendeu a premiação no oscar de 2009.



segunda-feira, 25 de março de 2013

Mulheres - Charles Bukowski



         Com a sua escrita característica, Charles Bukowski, no livro "Mulheres" relata diversas aventuras amorosas e sexuais do seu alter ego Henry Chinaski. Com um ar melancólico, mesclado com a típica cafajestice e toques de humor o enredo do livro é marcado por diversos personagens secundários que, na realidade, são o mais importante da obra: As mulheres. 

      Em dado momento o que seria uma pesquisa antropológica [segundo o personagem], onde conhecer o universo feminino seria o alvo, os acontecimentos misturam tons de canalhice e autoconhecimento, já que, ele tenta a todo custo durante a trama convencer-se de que é um bom ser humano apesar de não conseguir controlar os seus instintos animalescos. Cada mulher que aparece, possuindo uma passagem efêmera ou não, vai fazendo com o que o nosso Chinaski tenha uma maior amplitude do universo feminino, pois, apesar da sua idade relativamente avançada, os seus relacionamentos só se tornaram frequentes quando associado ao seu sucesso no campo literário. 

         A leitura do livro é rápida, direta, engraçada e envolvente. Há nele alguns pontos chaves do que realmente ocorre na sociedade sem muito 'mimimi' que a maioria dos romances possuem, o que faz com que tal escritor seja cultuado por muitos indivíduos. 

          "Esse é o problema com a bebida, pensava, enquanto enchia o copo. Se acontece uma coisa ruim, você bebe para esquecer; se acontece uma coisa boa, você bebe pra comemorar; se não acontece nada, você bebe para que aconteça alguma coisa."  BUKOWSKI, C.

           Essa é uma das citações mais famosas tanto do livro, quanto do autor. A média de páginas varia entre 285 - 320 dependendo da edição. 


quarta-feira, 20 de março de 2013

Meia-Noite em Paris - Midnight In Paris (2011)


               O roteiro de "Meia-Noite em Paris" é algo indescritível. Woody Allen realmente fez algo para perpetuar ao longo de gerações. Gosto dele como roteirista e de algum de seus filmes, porém, há outros que eu não consigo engolir...  Vamos voltar ao assunto... Quando assisti essa película no cinema foi algo de empatia total, pois, ver misturado o cenário cultural parisiense, tons de comédia e dúvidas existenciais é motivo de aplausos.
                Nesta obra podemos ver Gil, um famoso roteirista de cinema hollywoodiano, que ao viajar com noiva e os pais dela para a cidade luz repensa sobre a vida que vem levando e decide neste ambiente reviver o seu antigo desejo: Ser escritor. Tal trajetória não é nada convencional funciona quase como uma mistura de ópio com viagens no tempo, já que, nesse cenário lúdico, que é a cidade de Paris, o jovem escritor/roteirista passa a se deparar com figuras que não só lhe inspiram como, também, idolatra. Temos nessa lista: Hemingway, Picasso, Salvador Dali....
           Além da natureza artística e caricata dos personagens, percebemos no filme um amadurecimento gradativo de Gil, pois, convivendo temporariamente em épocas passadas percebe que cada momento histórico é único e, que no melhor das hipóteses, podemos absorver o que foi produzido anteriormente e através de um exercício de reflexão por em prática na atualidade, afinal de contas, vivemos no agora. Toda essa filosofia foi por ele absorvida através, também, da sua efêmera paixão (Adriana)  que, ao contrário de suas expectativas, pois, acostumado a ver os anos 20 como um verdadeiro marco, percebe em sua nobre companheira que vive justamente no período que ele considera glorioso a apatia por esse momento. A princípio considera o desejo de Adriana pela Belle Époque algo romântico e bonito, só que, para ele, não chegaria perto dos anos 20, inclusive, pelo fato de não existir penicilina no século XIX. Talvez a morte de grandes artistas por conta da tuberculose tenha  chocado um pouco.(rs) 
                      Depois toda essa turbulência ideias e ideais ele consegue, finalmente, chegar a conclusão de que é possível encontrar prazer na atualidade e indivíduos que compactuem com seu estilo de vida. Afinal, são raros, mas existem. 





                         

quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia Nacional da Poesia


No dia 14 de março é comemorado o dia Nacional da Poesia ( data essa que é comemorada em homenagem ao nascimento de Castro Alves) e o Brisa de Palavras como forma simbólica de comemoração colocará o poema Vozes d'África.






Vozes d'África

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

(...)

Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.

(...)

A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!...

Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
Ora uma c'roa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
O Universo após ela — doudo amante —
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.

.......................................

Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
Talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...

(...)

Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Ai! dizem: "La vai África embuçada
No seu branco albornoz..."

(...)

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?...
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!...

...........................................

(...)

Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir — Judeu maldito —
Trilho de perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa — arrebatada —
Amestrado falcão!...

Cristo! embalde morreste sobre um monte...
Teu sangue não lavou de minha fronte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal...

Hoje em meu sangue a América se nutre
— Condor que transformara-se em abutre,
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vis irmãos outrora
Venderam seu irmão.

.........................................

Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!...
Há dois mil anos... eu soluço um grito...
Escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...

São Paulo, 11 de junho de 1868. 



Castro Alves

quarta-feira, 13 de março de 2013

As Aventuras de Pi - Life of Pi





                         Além de tudo o que já foi dito a respeito do filme sobre sua direção, roteiro, ideia, baseado em um livro,... Pode até ter se tornado algo massante ver sempre na mídia e por essas características possa ter surgido o desinteresse em alguém, já que, geralmente por onde a maioria anda há algo de pouco convincente nisso. Desarmada de preconceitos e influências externas é bom ter uma noção do que realmente passa nas entrelinhas da película. Não, ainda não tive a oportunidade de ler o livro... Se bem que ele está por um preço bacana nas livrarias. 
                           Já havia decidido que gastaria parte do meu tempo assistindo essa obra e o que mais poderia acontecer,... Acredito que nada de ruim. Com todas as suas cores chamativas e efeitos poéticos poderia ser apenas uma atração rica em arrecadação. Só que a partir do momento em que o longa começou a rodar me tornei mais e mais envolvida com a obra. No fundo todos nós estamos presos nesse oceano, com nossos próprios medos e a nossa mente, cheias de ilusão que é, consegue transformar tudo e deixar, talvez, as coisas melhores do que realmente ocorreram. 
                        A vida não precisa ser escrita de forma dura e precisa. Podemos delinear e ser qualquer coisa. Algumas obras seguem essa linha de pensamento. Doce mundo da fantasia. 
                    Só por transmitir essa mensagem simbólica o filme, para mim, já vale a pena ser assistido, principalmente, pelo fato de boa parte da seleta lista dos 'melhores filmes', segundo o Oscar, mostrarem a vida nua e crua. 
                             Mesmo estando um pouco atrasada com relação as notícias do Oscar, falar de um bom filme nunca é demais... Espero que essa minha volta ao blog seja bem recebida. Beijos, meus poucos leitores e espero que se vocês ainda não tinham tido interesse ou oportunidade aproveitem essa ideia e curtam esse bom filme.