quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Prece à lua.


Serena lua
Que se faz tão menina,
Que age tão materna
Leva, por favor, consigo
Toda essa emoção
Depositada em minha prece
Depositada em meu coração
Para que minha alma se torne leve
Esquecendo contos anteriores
Repousando suavemente
Dentro desse corpo que te pede

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Salvador Dalí

Confesso que eu tenho uma queda pelos pós-impressionistas, mas que de uns tempos para cá Salvador Dalí tem me cativado, talvez, por essa loucura que anda permeando os meus dias e um olhar mais lúdico e talvez lunático esteja me transportando - proporcionando - tornando - entre outras coisas... Uma magnífica - deliciosa - surpreendente -... Viagem ao meu autoconhecimento, ao conhecimento das formas e do mundo. Sintam-se envoltos-controlados-engolidos pelo surrealismo. Beijos.






sábado, 3 de dezembro de 2011

A vida é uma cilada...


... e eu sou uma chata.

Não é querendo deteriorar a minha imagem ou que me informam sobre isso o tempo inteiro, mas sabe quando você não consegue conviver muito bem em tempo integral com sua própria personalidade? Pois é,... Isso não acontece comigo, não em tempo integral, somente parcial. Agora estou me sentindo chata. Pode mandar outra de mim pois eu já cansei dessa.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Rumo a um novo colégio!

Quando acordamos e nos deparamos com inúmeros reverses nos perguntamos: O que somos?

Havia muito tempo que a manhã não tinha esse gostinho de questionamento sobre a percepção da vida que às vezes chega, às vezes vai... É bom para manter o equilíbrio. Mesmo que a tristeza venha acompanhada desses pensamentos.

Meu quarto está sempre em tons pasteis e bagunçado, gosto desse meu ambiente, remete a um conforto aprazível. Era manhã de domingo. Ainda bem! Nunca um dia da semana havia me deixado tão aliviada quanto esse já que, estava louca para me livrar da escola e todos aqueles momentos catastróficos que me atentaram durante a semana.

A vida não está sendo muito fácil para mim nesses dias. Há dois meses cheguei nessa cidade e sempre que se chega a um novo local existe dificuldade em criar amizades e uma facilidade imensa para inimizades mesmo que você não tenha feito absolutamente nada.

Essa mudança de rotina por veze comprime meu espírito, porém eu não posso ser emancipada agora e ainda dependo extremamente dos meus pais, você entende a minha situação? Espero que sim.

A cidade até que não é tão mal tirando o fato de ser relativamente fria, pois, eu prefiro temperaturas amenas, mas não deixa de ser melhor que o calor que fazia na penúltima cidade em quem minha mãe decidiu morar. Eu não entendo essa obsessão dela por trocas, por vezes me irrita demais. Já discutimos muito, mas sempre sou vencida, destino cruel!

Minha mãe começou essas trocas quando eu tinha aproximadamente oito anos de idade e a princípio eu não me importava, porém já tive que me despedir de inúmeras boas amizades, isso é o mais triste.

Sempre que me encontro em um espaço novo sou obrigada a fazer adaptação mesmo não aturando o comportamento das pessoas locais.

Cheguei neste novo local nas férias do meio do ano. Assim que meu semestre escolar acabou na cidade anterior estávamos com o pé na estrada. Gosto de conhecer locais diferentes, quem não gosta? Mas quando há uma imposição chega a ser cruel. Não tive nem tempo de me despedir decentemente de minhas amizades, mas nós conversamos sempre que podemos pelo Messenger, nas férias era mais frequente, só que com o início das aulas essa semana, o ritmo teve que ser diminuído. Houve um grande choque de horários entre nossas atividades.

Minha cachorrinha Patty está sempre comigo, quando me sinto solitária e melancólica ela chega para alegrar minhas tardes. Quão dócil ela é! Queria ter essa alegria imensa que ela aparenta sentir, e só ficar triste quando está doente, mas as situações tornam-se mais complexas quando se é humano.

O uniforme escolar não é muito bonito, não gosto dessa tonalidade verde, é muito berrante! Mas esse colégio era o mais próximo da minha casa e, para mim, pessoa que detesta acordar cedo e enfrentar trânsito caótico, é perfeito, tais coisas detonam completamente com o meu dia.

Acordei como de costume 06h15min da manhã, saí de casa 06h45min e cheguei à classe 07h00min.

Vocês precisavam ter visto situação, todos, absolutamente todos olharam para mim assim que pus o pé na classe. Achei absurdo! Sentei em uma carteira vazia que havia no fundo e de lá pude observar o comportamento dos meus novos colegas, pelo menos de forma superficial, claro. As meninas possuíam cabelos compridos, neutros e lisos. Os rapazes cabelos curtos. Quanta diferença da minha antiga vida, eu nunca havia visto um ambiente tão monocromático como esse, com certeza, não. Meu cabelo curto com mechas vermelhas deve ter saído do ritmo da vida pacata de todos aqueles jovenzinhos, o que facilitou a feição de susto das crianças. Por um lado eu achei um máximo, me senti ‘A Rebelde’, mas como alegria de novato dura pouco, surgiu o diretor do colégio para fazer a minha apresentação à turma e falar de quase todos os pormenores da vida desta pobre aluna que a mãe havia conversado com ele na semana anterior. Um verdadeiro tédio, me ver exposta dessa forma é algo que me deixa envergonhada. Sorte que acabou imediatamente e pude voltar para a minha carteira.

Com o término da aula o professor dirigiu-se à mim para informar sobre o assunto do semestre anterior e como era o método de ensino dele. Tudo conforme um profissional da área faria só que naquele ambiente simplório, tornou-se motivo de conversas voltadas a minha pessoa. Percebia-se pelos cochichos e olhares. Se ainda soubessem disfarçar...

Assim que o professor terminou de explicar sobre o cronograma de avaliações e derivados, saiu da sala e eu pude finalmente colocar uma música suave no meu Ipod, relaxar e ler um pouco. Queria paz, não gostei dos pequenos atos que observei então me camuflei para eles.

Passaram-se 3 minutos.

Algumas meninas rodearam minha carteira. Observando tal presença retirei os fones e pus-me de forma receptiva a escutar o que pretendiam dizer e elas fizeram inúmeros questionamentos sobre minhas origens, cidades passadas, cor do meu esmalte e o livro que estava lendo.

Era perceptível que por trás do estranhamento que elas sentiam, parecia ter certa curiosidade. Informei-lhe da forma que me foi possível explicar, sem evidenciar muitos fatos e sem comentar coisas que só me dizem respeito. Pareciam realmente alegres e felizes. Loucas para mostrar a nova coleguinha às outras meninas de classe diferente e comentar sobre o quão meu cabelo parecia diferente e da minha coragem de fazer tal coisa com minhas madeixas.

Era essa a vida que minha mãe me expôs, deveria lembrar a ela quando eu chegasse em casa.

Chegando o horário de retornar à sala de aula, algumas delas seguraram em meu braço como se fôssemos amigas antigas e incondicionais. Fizeram questão que eu sentasse próximo.

E assim sucederam-se os dias na semana, cada vez mais afetos exagerados: repartindo lanche, guardando lugar para a minha pessoa, chegavam até a esnobar amizades antigas que possivelmente não significavam nada para elas. O foco do momento era eu, tinham me elevado ao papel de novo brinquedo. Isso tudo até a sexta feira.

Assim que coloquei o meu pé naquela classe nesse dia, umas duas meninas vieram conversar comigo. Elas possuíam um tom sério, mas o assunto não era nada interessante. Perguntava uma delas se eu havia comentado sobre outra garota, ou se eu estava tentando imitá-la. Questionaram se todas as coisas que eu havia dito a meu respeito eram mentirosas e se era verdade que minha mãe havia mudado de cidade pelo fato de eu ter ficado com inúmeros meninos no outro local. Ora, que cultura bestificada! Como diabos elas inventaram tais asneiras? Como elas criaram tantas coisas a meu respeito? Quantas drogas elas usaram até chegar a esse ponto? E o quanto de veneno que elas haviam absorvido da própria língua? Realmente eu não sei, mantive minha postura. Neguei todas aquelas calúnias e fui me sentar.

Durante a aula dezenas de bilhetinhos eram passados entre elas. Alguns chegaram até a mim com perguntas medíocres como ‘Por que motivo você falou de Amanda?’ ‘Disseram que você quer ficar com Carlos só pelo motivo de ter descoberto que ele á namorado de Clara. Como você pode fazer isso?’ ‘ Eu sempre desconfiei de que você fosse uma vadia!’ Era para ser uma brincadeira ou essas meninas eram realmente loucas. Juntei todos aqueles bilhetes e fui ter uma conversa com o diretor. Ele simplesmente disse ‘ Sua aparência é diferente, não estamos acostumados a pessoas, assim, como você. Depois sua presença será aceita entre as suas amigas.’ Amigas? Que diabos de amigas! Que droga de colégio! Isso lá é coisa para se falar? Mas eu disse um ‘ Ok!’. Saí daquela sala com profunda raiva e demonstrando imensa calma.

Uma professora que estava no gabinete dele no momento seguiu meus passos e dirigiu-se a mim, eu não recordava o nome dela e nem a matéria que ela ensinava, mas fiquei muito agradecida com as suas palavras e o fato de ter se importado com a situação. Comentou sobre o aspecto dos integrantes daquele colégio e manteve-me em alerta. Conversei um pouco com ela sobre o fato de não ter feito absolutamente nada e que as mesmas meninas havia me procurado demonstrando amizade e depois surgiram com inúmeras mentiras a meu respeito. A professora escutou atentamente e indicou-me ter paciência, ou preferencialmente sair do colégio e procurar outro. Citou até outras instituições.

Se a minha professora é quem está indicando outras escolhas e acertando nas características daquelas garotas, então quem sou eu para questionar? Senti certo alívio por ter alguém que me compreendesse.

Fui para a classe. As meninas agora nem olhavam mais para o meu rosto. Um ou dois garotos vieram conversar comigo e comentar sobre a atitude delas, afirmando que aquilo era típico e que viviam sempre em brigas e discursões por mentiras inventadas entre elas mesmas.

Resumo que eu tive do dia: Não confie em pessoas que tentam parecer normais, que demonstram profundas amizades instantaneamente e nem no diretor do seu colégio, pois ele vai sempre dizer que está tudo normal.

Terminando a aula daquele dia fiquei esperando minha mãe chegar, enquanto isso, eu fiquei conversando com um daqueles meninos que havia conversado comigo durante o intervalo. Até que parecia legal. Quando de repente surge alguém puxando meu cabelo e fazendo com que eu caísse do banco em que estava. Tentei sair daquele nó louco e o rapaz tentava tirar a pessoa dos meus cabelos. Surgiram alguns funcionários da secretaria que nos levou imediatamente para a coordenação. Era o que faltava para completar o meu dia.

A jovem estava completamente histérica e chorava muito. Eu, que tive meu cabelo destruído e estava parecendo uma vassoura, virada mantive a calma. O rapaz estava com ares de despreocupado.

Comentei sobre o que aconteceu. A menina comentou de outra forma. Tive que esperar minha mãe naquele local com uma advertência logo na primeira semana de aula. Era uma maravilha.

Houve reclamações por parte da minha mãe. Eu entrei no carro dela e expliquei as coisas detalhadamente, ela compreendeu tudo e seguimos.

Entrei em meu quarto joguei a bolsa na cama e fui tomar banho, depois de alguns minutos minha mãe avisa que há uma pessoa do meu colégio me esperando. Depois de me arrumar, vou até a sala para receber a pessoa. Era o jovem da minha sala. Estava com o meu celular em suas mãos, segundo ele, meu aparelho saiu do bolso na hora que a louca começou a me atacar.

Entregou o objeto e pediu desculpas. Eu disse que não havia importância que a culpa da falta de senso dos outros não era dele. Meio encabulado voltou a dizer que a culpa era sim dele, pois havia dito que estava gostando de mim para algumas pessoas da sala e, por ciúmes e amizade as meninas passaram a comporta-se estranhamente.

Fiquei admirada pelo fato de ter sido ignorada por todas as meninas, por causa da fala de um garoto.

Aprendi outra lição no dia: Estou estudando em uma selva com fêmeas loucas e machos babacas.

Ainda bem que hoje é domingo, amanhã é feriado e depois desse evento quem decidiu trocar de ares, não foi minha mãe e sim eu. Rumo a um novo colégio!

domingo, 20 de novembro de 2011

A Casa Branca


Deram-me um martelo e um prego. Em seguida disseram: Corra!

Abri a porta do carro e fui pela estrada. Tempo nublado. Chuvoso.

Eu estava rubra de pavor, mãos trêmulas. Talvez fosse minha última aventura na vida. Apenas seguia na intenção de encontrar o meu destino.

Virei à esquerda quase batendo em um poste, por sorte não atrapalhou meu circuito. Segui direto até encontrar um vilarejo perdido. Encontrei a tão falada casa branca de cerca azul. Era pequena, humilde e lá possivelmente era a resposta para algumas coisas. Ao ver o sinal de um veículo próximo abriram os portões. Havia pessoas guiando sobre o local em que eu deveria estacionar. Estavam com capas de chuva e apenas apontavam com os braços. Não dava para distinguir o rosto.

A garagem era subterrânea havia cerca de 50 carros dos mais diversos tipos e valores estacionados. Fiquei ligeiramente impressionada, mas não havia nada para levar muita consideração.

Estacionei na vaga que restava. Desci do carro. Uma pessoa me esperava naquela espécie de cemitério de máquinas.

Vamos.

Mostrei o prego e o martelo. Perguntei o que faria com tais instrumentos.

Recebi apenas um:

- Guarde consigo.

Já não conseguia sentir meus pés e minhas mãos. Talvez estivesse arrependida. Talvez fosse preferível ser fraca e deixar-me contagiar imediatamente pela loucura que havia atingido o resto da população. Mas o que é loucura? Eu necessitava de paz, porém ninguém parecia mais deseja-la. Agora estava caminhando entre carros, em um estacionamento desconhecido, com pessoas que nunca havia visto antes e que lutavam por algo que nem sabia das consequências.

Subimos pelo elevador. Eu mantinha meus olhos presos no chão. Tinha receio de desvendar aqueles rostos, ou que o meu fosse desvendado. Não queria, talvez, ficar mais vulnerável do que já me sentia.

O elevador parou. Ele saiu e eu continuei seguindo.

Pediu para que eu mantivesse a calma que tudo ficaria bem.

Eu apenas consenti sem levantar a cabeça. E continuei o seguindo olhando para os seus pés.

O piso da sala era branco.

Finalmente tomei coragem para olhar o que havia naquele local.

Não havia janelas. Ainda estávamos em algum andar abaixo do solo. As paredes eram igualmente brancas e algumas almofadas de cores berrantes e colchões faziam parte da decoração.

Sentei-me em alguma delas por impulso e contraí meu corpo o máximo que pude.

Ouvi vozes entrando do ambiente.

V1 - Olha só essa aí era a que faltava?

V2 – É sim. Fui busca-la agora no estacionamento. Chegou e sentou.

V3 – Não assustem a menina com esses comentários. Vocês também ficaram meio assustados.

V1 – Assim?! Tsc...

A terceira voz aproximou-se de mim e perguntou:

- Trouxe os itens?

Eu – Sim.

V3 – Cadê?

Retirei o martelo e o prego da minha blusa e entreguei. Finalmente olhei para aquelas pessoas. Vestiam-se diferentemente. Fugindo completamente do padrão visto das ruas, chegava a ser excêntrico.

V3 – Seu nome vai ser Girassol. E não nos diga sua identidade original. Ninguém aqui está muito interessado. Meu nome é Tulipa e seja bem vinda. Se você está aqui é pelo motivo que de alguma maneira foi escolhida e quem passou as ferramentas, sabia o que estava fazendo. Agora vá trocar de roupa e chega de neutralidade. Assuma sua personalidade.

Eu, agora Girassol, segui a Tulipa no vestiário. Meu humor oscilava, não sabia se iria poder variar muito nas roupas, não sabia se teria meus remédios novamente. Então busquei vestir-me com alguma coisa que não sentisse repúdio posteriormente.

Botas pretas. Cabelo amarrado. Franja de lado. Vestido azul. Aplique vermelho no cabelo. Casaco preto. Dois tutus verdes embaixo do vestido. Até que não estava sendo tão ruim. Parecia uma boneca de terror.

Tulipa olhou, olhou...

- Até que faz sentindo. Vou apresentar você aos outros integrantes.

Fomos para a sala e lá havia mais quatro pessoas.

- Apesar de ter 50 integrantes, dividimos por grupos. É mais saudável. Disse-me.

Ficamos paradas por um tempo e ninguém se manifestou. Até que Tulipa, com sua voz macia e maternal, quase gritou.

- Minhas flores apresentem-se!

Sinceramente, eu não entendia absolutamente nada. Havia um clima de tensão espalhado pela cidade e todos ali agiam como se nada tivesse acontecendo.

Meu nome é Gardênia, levantou-se um rapaz de 1.70 de altura, usando roupas berrantes em tons de roxo e verde.

Meu nome é Cravo, era uma menina de seus 17 anos com roupas brancas, boca vermelha e cabelos pretos. Segurava a mão de Gardênia.

Inusitadamente alguém me segurou pelos ombros e disse. Tente adivinhar quem sou.

- Como eu poderia adivinhar?

- Menina sem graça. Eu sou o Lírio. E eu me visto de lilás e branco só para mostrar como sou uma pessoa suave.

Ele passava suas mãos geladas pelo meu queixo e pescoço.

-Suave?

- Não me questione.

Um rosto feminino surgiu de um ambiente escuro da sala.

- Eu sou a Rosa.

Rosa era uma mulher ruiva, extremamente linda. Vestia-se de vermelho. Estava sentada em um canto. Fumando. Apagou o cigarro. Levantou-se e veio me cumprimentar. Não dê importância. Estamos todos loucos.

Venha. Vou mostrar para você a realidade das coisas por aqui. A Tulipa é uma mentirosa.

Tulipa - Não confunda a cabeça da novata.

E eu a segui pelos corredores daquele estabelecimento.

Ela me indicava os ambientes como se desfilasse no ar.

- Ali fica o refeitório. Aqui os banheiros. Lá o salão de descanso. Às vezes podemos passear no parque. Outras não.

- Mas me disseram que aqui seria o campo de treinamento. Está havendo uma conspiração lá fora e ninguém faz nada?! Como vocês podem fazer isso? Agir de tal forma! Como admitem tal atitude?

Fiquei irritada e nervosa. Comecei a procurar uma saída naquele local. Deveria ter alguém com consciência que explicasse a todos que deveríamos salvar o mundo!

Corri pelos corredores gritando. Declamando todas as minhas indignações sobre o mundo. Quando dei por mim, pessoas dos outros quartos estavam na porta observando a situação.

Rosa continuou parada, encostada na parede, e rindo. Ela levava outro cigarro aos lábios.

Dois homens surgiram tentando me segurar.

Continuei a gritar a tentar livrar meu corpo daquelas mãos.

- Eu não quero ficar aqui! Eu não quero! – Continuava a gritar. Chorei. Sentia-me humilhada e vencida.Foi quando percebi que recebia uma injeção.

Tonta e com a cabeça pesada acordei. Em um quarto menor que o anterior, deitada em uma cama.

Meus colegas de grupo esperam. Cravo, Rosa, Tulipa, Lírio e Gardênia.

Quando perceberam meus movimentos foram mais próximo e espalharam-se ao redor como quiseram.

-Está bem, bonequinha? Disse Tulipa. Até que não dói tanto, não é? Depois você acostuma-se. Continuou.

-Não tente fugir, vai ser pior. Disse Cravo, colocando uma balinha de morango em minha mão.

Eu, Girassol, fiquei muito triste em saber onde estava. Não consegui entender muita coisa. Estava tonta com a medicação. Não sabia quem eram eles. Apenas compreendi que não tinha mais minha vida.

Lírio - Aqui é um centro de recuperação, Florzinha.

Rosa – Você não está louca. Eles só não nos querem por lá. Escondem-nos e vivem da maneira que querem. Você descobriu coisas que não era para se saber, agora irá arcar com as consequências.

Tulipa – Não assuste a menina!

Rosa – Todos nós passamos por isso. Logo ela irá se habituar.

Com um aperto no coração, algumas lágrimas tornaram-se inevitáveis. Recebi alguns abraços. E fomos para a sala branca novamente.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Relações humanas


Cada indivíduo tem um universo em si. A consciência de tal unidade revela-se em diversos estágios, estágio esse podendo ser também em diversas idades. Saber de si, julgando ter consciência, mesmo não existindo de forma ideal e elevada de tal maneira que o deixe em paz e próximo do que lhe é realmente útil, é uma batalha árdua que merece uma força incessante. Porém, pensar sobre: ser e deixar de ser, não é cultuado como deveria. Cada um, realmente, tem um propósito de vida e de acordo com alguma motivação... Quem é o indivíduo que poderá julgar outro cidadão, composto da mesma carne e osso como ele, superior ou inferior? Tal ocorrido só revela a insignificância maior de sua existência que por não assumir-se, esconde-se em verdades ilusórias.

A alegria de uma pessoa está acima de qualquer desejo e vontade, se a vida é única e deve, com certeza, ser plena. Qual o motivo de tanta frustração para os desejos e vontades alheias? Qual o motivo de tamanha revolta? O ser humano deve sim fazer o que lhe é apraz, porém, obter recursos em detrimento do sofrimento e constrangimento do outro é uma barbaridade sem justificativa.

Perde-se muito tempo com causas ínfimas e em criticar outrem. No lugar de edificar-se, situações banais tornam-se mais atraente. É a sina de quem é infeliz e deseja que os outros o sejam com seus atos.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pedras, pedregulhos e a sociedade.


Há quem jogue pedras em seu próprio muro, prazer em deterioração? Não sei. Gasta muito tempo com muito pouco, pouco demais para sobreviver. E o que é a nossa sobrevivência? Somos mutantes do acaso, se os insetos ficam mais fortes com uma dosagem fraca de venenos letais, com nós, seres vivos também, não seria minimamente diferente. Quem dera ter conhecimento de todas as drogas letais e diárias que nos oferecem, são tantas formas, misturas e sabores complexos de distinguir quando se vivencia o fato. Só sabemos de nosso destino futuro e, ainda, encontramos inúmeras situações pueris, discriminações a outrem ou valorização do supérfluo.

Com tudo isso... Ainda brincamos de fingir ser melhor ou qualquer adjetivo que nos fortaleça e que possa denegrir a imagem alheia. Mera estupidez. Idolatrias também são artifícios estúpidos. Cultuamos inúmeras coisas vis que dá vontade de cuspir só de pensar.

Queria muito, já disse várias vezes mentalmente ou não, ser como uma pluma leve e suave, mas, carrego certos pesos e bloqueios da existência humana em meu âmago e de tal maneira e com tal força que sempre me prende a um pé na terra, ou melhor, na cova, sei que sou frágil e insignificante, mas também compreendo minha força só pelo fato de aturar barbaridades e sobreviver a muitas outras.

Há relatividades em opiniões que carecem de tempo para se pensar no motivo de seguir tal regra, mas aí, já seria muito tempo, do meu tempo raro para que eu viva comigo e para mim e ainda pensar nos inúmeros poréns alheios. Volta e meia modifico algumas ideias, mas sempre retornam os porquês. Por quê? Queria saber... Mas é difícil tentar abranger o motivo e fazer com que nasça dali algo forte, sendo que não passa de algo limitado e de tão pequeno, não entendemos o motivo de ter conquistado uma proporção tão imensa.

E o que eu concluo sobre a sociedade? Não tenho conclusão prévia. Sem tirar, nem por... Havia pensado em várias coisas para colocar, até escrevendo modifiquei muitas coisas, tanto, que nem vale a pena comentar. A maioria do tempo que levamos para decifrar essa mesquinhez é tempo perdido, ou seja, eu mesma condeno a minha atitude. Pois está aqui e ali em nossos olhos brincando de existir com milhares de crianças que nascem e que terão e serão, tão despreparadas quanto os outros já existentes. Mas está tão óbvio que eu tento acreditar não ser o que eu penso que seja.

Dizem que é bom sonhar de vez em quando. Eu mesma amo sonhar de vez em quando. Mas às vezes é muita pedra para se tirar do sapato e, depois, tentar conseguir dormir e o sonho não surge.

Bilhete


'Não há mais nada de interessante que se precise ser dito nesse momento, eu te amei.'

Amassei o papel tentando colocar toda a minha raiva naquela mini bola recém formada para então, começar a pensar, no que foi esse amor e em todas as palavras carinhosas ditas. Não quero parecer que vou destruir meu mundo e entrar em depressão, pois não vou. Sabia das consequências. Mas o que importa é entender por qual motivo ínfimo o fez me tratar de tal forma. Se já não gostasse mais ... Que pelo menos conversasse decentemente e não em um mero bilhetinho... Creio que foi até proveitoso, pois se fosse um e-mail teria partido meu computador na parede. Nervosismo é pouco nessas situações... Foram inúmeros ' eu te amo', 'nunca vou te abandonar', ' eu amo você mais do que tudo'... Esse joguinho de fazer acreditar que os dois se completam. Tenho como definir tudo: 'Uma extrema palhaçada!' Não quero nem saber de ir atrás, se quiser, a pessoa que venha. Vou p'ra janela um pouco olhar os pássaros voando pois, por enquanto, é o que me preenche mais.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

4 linhas.


Uma gota que cai, era uma chuva... Singela chuva de pensamentos, mas fazia tanto sol lá fora que era possível enxergar vapores sendo formados no asfalto. Localizar-se mas não estar. Selva sem perspectiva alguma de enlace próximo. Estamos correndo, correndo, correndo de nós mesmos. Há tanto sol e tanta chuva em mim que consigo ver o arco-iris tão próximo.

domingo, 9 de outubro de 2011

Enquanto alguns costuram ...




...outros fazem uma meleca mesmo. Às vezes tento botar fé na sociedade mas eu observo, observo... A maioria é uma porcaria. Um verdadeiro pé na sua nuvem de imaginação. E se acham com o rei na barriga por pouca coisa, é tudo farinha do mesmo saco mesmo... Vão virar tudo porcaria... Mas o que mata, mata tudo é a inveja e a arrogância principalmente. A dica que eu dou é para ninguém se importar por comentários ridículos, olhares de desaprovação e muito menos de se sentir inferior a outra pessoa... Pois você não é. E ninguém é. Eu também não sou.
Pois há gente que quer mudar o mundo, eu bem que queria... Ó GRANDE UTOPIA! Mas a maioria, venhamos e convenhamos, não chegou ao estágio de auto-identificação. É muita besteira para pouca vida. Graças a Deus que eu morro!


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

I want to break free!


Se julguei-me ignorante outrora e ficava aterrorizada com isso, confesso abertamente, que hoje, tenho completa certeza de que sou. Meus defeitos me acompanham(rão) sempre e se transmutam(rão) belamente como água em vinho, ou tristemente como comida em ... Sabe,... Em meus momentos mais tristonhos sinto-me boboca por pensar em meus vacilos passados com melancolia, pois no fundo eles são mais próximos de mim do que as coisas boas... Todo mundo tenta desvincilhar-se de uma pressão interna sobre determinado assunto, não venha dizer que não pois é... Joga fora tudo, baby! E seja você daqui para frente. Errei, erro e adoro isso. Se tu faz algo é porque quer ou quis... Fingir vergonha é bonitinho para fofocar o ocorrido, mas ficar se martirizando internamente só leva a pessoa até fossa sem necessidade. Ninguém está se importando com as tuas coisas banais.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Livros!


Estava reclamando que não tinha livro nenhum p'ra ler e agora eu tenho : Crítica da Razão Prática e Crítica da Razão Pura - Immanuel Kant; Crime e Castigo e O Idiota - Fiódor Dostoiévski ( *---* Finalmente eu tenho!); O Contrato Social - Rousseau;

Chegaram semana passada!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Nova decolagem.


Sobrevivente no espaço. Um suspiro interno para aliviar o corpo de toda tristeza que foi embora. Pontapé para um novo começo não muito diferente. Viver nessa oscilação é muito duro, tão duro que por vezes corrói e traz uma sensação tão estranha de existir. Já passou, já passou. Estou pronta para mais uma nova viagem, é só decolar.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Asneiras e Passarinho.



Ninguém perceberia o que é agradável naquilo de te rodeia se não houvesse a partida de outras. A tristeza às vezes corrompe as emoções deixando-nos cada vez mais cegos, porém, de que adianta um parque de diversões sem a adrenalina dos brinquedos? É bom sentir-se vivo de vez em quando para aliviar as tensões da máquina diária. Seria tão bom que existissem palavras oportunas quando nos encontramos em plena indecisão, só que não é dessa forma. Há indivíduos desprovidos senso,... Que dizem coisas tão cruas e muitos outros derivados que questiono a razão pela qual eles estão onde se encontram com tanto poder de voz para proferir tantas asneiras. Percebo que amadurecimento não tem a ver com quem é mais frio ou incapaz de sentir, ele vem atrelado com o sentido amar e passar coisas boas. Sabe, as vezes sinto-me tão triste por ter nascido humana, preferia mil vezes ser um bicho que voa, o tempo não perdoa essas formas que carrego, sou de uma espécie que se massacra lenta e diariamente.



Mas é assim tem horas que sou o indivíduo das asneiras, outras, o passarinho que quer voar.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Falando, falando e falando.

Well peoples... Depois de escrever uns 10 textos em um dia passei por uma fase muito pacata na criação deles, buscando ideias concretas para novas estórias, porém até agora não chegou nada. Creio que sofri um amadurecimento repentino, digamos que durante um mês? Não sei bem. Houve um choque, mas estou bem mais serena e essa mudança ainda não foi refletida em minhas criações, obviamente que nem eu mesma espero que seja algo muito diferente, mas que pelo menos as palavras cheguem mais comedidas, pois a maioria dos meus registros anteriores saiam de uma forma bem efusiva. Durante todo esse tempo eu fui observando e analisando melhor o que eu ia fazendo, só que de forma relativamente precária. A maioria dos meus 'filhotes' surgiram em momentos de tristeza, vazio ou até mesmo de devaneios, sei que é muito legal expressar tais coisas em textos, mas já estava ficando saturada. Eu sempre sinto que falta algo. Quero torná-los mais dinâmicos e realmente crescer, parar de tratá-los de forma tão leviana. 

Achei essa nova interface do blogger bem diferente, até agora não posso dizer se gostei ou não. Acostume-se ou deixe-o (tsc). Espero que pelo menos as funções para decorar as palavrinhas funcionem corretamente, pois estava um caos! Sabe o que é você querer seu texto verde neon com rosa choque e não poder colocar?! Nem eu, mas quem gosta de tais cores ficaria muito triste na minha pele. 


Beijos ;*

terça-feira, 23 de agosto de 2011

De repente, a vida.


Corria pela estrada. Ávida de desejo. Eu quero sentimentos! Cada gota de suor que surgia em seu corpo era uma demonstração de que estava viva. Ia o mais rápido possível. Seus pés cansados, doloridos, cheios de calos e o tênis nem ajudava, estava velho, mas isso não importava. O primordial era ficar no limite. O cabelo grudava em seu rosto e costas, queimados dos raios solares, cada vez que seguia em frente. Puxa um elástico do bolso e o prende, prosseguindo na mesma velocidade anterior. Yo quiero la vida! Quiero sentir!

Loucura é não saber identificar se realmente é um ser vivo, se abster de sentimentos. Abrindo os braços e gritando loucamente para nuvens, sol, pássaros e tudo mais que a escutasse. No ponto mais vazio que conseguiu encontrar. Amar não é um deserto! Eu não estou só! Uma agonia simbólica. Parou por um momento. Enterrando os pés na areia. Ajoelhando-se. Sentindo cada grão em sua mão. Revitalizando sua pele com as lágrimas espalhadas em seu rosto. Mordendo os lábios inferiores. O que é isso tudo? O que é? Levantou-se lentamente. Limpando a areia das mãos no short. Prosseguiu a corrida. Eu sou minha mente! Eu sou cada molécula em meu corpo! Sou cada forma física aparente dele! Minha idade, minha energia.

Sentou-se na grama contemplando tudo que havia ao redor. Encostada em uma árvore, respirando lentamente. Observou o dia correr tranquilamente depois de todo êxtase. O sol adormecia para a lua se colocar em seu lugar. E sua pele, cada pelo, sentindo a brisa lhe envolvendo. Pôs suas mãos deitadas na grama. Sentindo sua cabeça no tronco da árvore. Paz. Calma. Adormecendo. Seus membros inferiores relaxados. A terra moldava-se em seu contorno. Calmamente. Suavemente. Algumas gotas de chuva na madrugada purificaram sua boca ressecada pelas palavras grosseiras. Vagarosamente. Vagarosamente. Sentindo sua energia dissipando naquele ambiente. Fazendo parte de um todo. Dúvidas e ansiedades sendo aliviadas. Serenidade. Misturando-se com a natureza. Sendo um só. Fazendo parte daquele ambiente que lhe trouxe toda indagação. Para finalmente se inserir nela, ser ela, a vida. Servindo-lhe do melhor adubo. Sua carne.

Fim de um casamento.

Rasgue esse papel agora! Eu exijo!

Você acha que é quem, mal agradecido?

Eu não quero ver você vasculhando as minhas gavetas!

Pensa que estava lá? Engano seu. Estava jogado no chão.

E como se atreve abrir?

Faça-me o favor. A vítima dessa tragédia sou eu! Como você ousa tentar mudar a cena? Típico da sua pessoa.

A propriedade é minha, ou você esqueceu como se lê?

A casa é minha e tudo que entra e sai dela deve ser de meu conhecimento.

É violação de privacidade.

Isso é traição da sua parte e ainda tenta ser o pobre coitado.

Como se isso fosse algo de outro mundo.

Eu não estou acreditando na sua postura.

Você já deveria ter suspeitado antes de nos casarmos.

Como?

Esquece.

Pegou o papel. Saiu no carro. Foi embora.

Enxugou as lágrimas. Levantou-se. Tomou banho. Fechou a casa. Foi embora.

Haikais

Maré serena
No percurso vem lenta
Chuva nascendo


A flor que sorrir
No silêncio noturno
Orvalho fino


Nasce com brilho
Pelo nascente
Desperta o pássaro

Pássaro no ar
Pelas árvores verdes
Semente no chão


Primeiras tentativas de criar haikais.







Distanciando-me da Superfície

Kappa - Vicent Hui
2007




Em um tempo abandonado

Sonho que minhas emoções dançam em êxtase

Mas os labirintos fazem com que essa dança nunca chegue ao seu destino.

Acordo-me

Afastando os progressos

Sentindo rasgos

Não há uma maré favorável

É a minha guerra

É o meu ser

Não há sinais de vida nesse local

Os pássaros geralmente calam-se nas tormentas

E eu vou procurando embarcações perdidas

Sem a certeza de uma chave concreta

E a cada mergulho que eu dou

Sigo distanciando-me da superfície.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ser, Amar e seus Problemas.

Os primeiros raios começaram a entrar pela janela, como era bom sentir aquele gostinho matinal, havia deixado para trás tudo que a triturava interiormente. Sua intenção era recomeçar a vida de um ângulo mais natural, amadurecendo de forma coerente e evitando desgaste emocional. Não queria mais desfrutar a tristeza por está fazendo algo indesejado, com isso, decidiu seguir novos rumos. A busca pela sensação de leveza era exatamente o que mais ansiava alcançar, mas tinha plena consciência que vivendo em ambientes nos quais a rodeava nunca iria chegar nesse estágio. Tendo percepção de que as mudanças devem ocorrer interiormente, procurava meditar constantemente sobre os acontecimentos de sua vida. A insensibilidade humana era o que mais a incomodava, rodeada por tantos, mas ao mesmo tempo extremamente vazia de afetos, dilema enfrentado por muitos, e com ela, claro, não seria diferente, pensava veementemente ser esse o principal mal da sociedade. Romper uma rotina não é fácil, apesar de ter sido inconstante por um bom tempo sobre fazer ou não a mudança, resolveu ter uma iniciativa firme, afinal, distanciar-se de toda aquela selva urbana é algo que requer muito mais força do que se imagina, é um modo vida que será sepultado. O êxtase a possuía fortemente, sentia-se como um pássaro liberto.

Dedicada a começar viver em um local mais arbóreo, dirigiu-se para a antiga fazenda da sua família, mal lembrava da existência dela na cidade, mas surgiu-lhe como ás para seu primeiro passo. Obter novos conhecimentos independente de pressões externas a excitava bastante, não estava satisfeita com a concentração de conhecimentos em apenas uma área, acreditava que aquilo era um ponto fundamental para sua elevação interior e com serenidade buscaria essa nova mulher que gritava por vida.

Nunca foi escrava dos bens materiais, muito menos era uma exímia consumidora, gostava apenas do essencial e, principalmente, de belos detalhes.

Sentou-se em uma cadeira observando a paisagem através da janela, como achava magnífica todas aquelas estufas. Alisando a mesa com o toque suave de seus dedos, percorrendo seus traços, sentindo delicadamente sua superfície, respirando o cheiro fresco que aquele ambiente proporcionava. Pegou uma maçã da cesta de frutas e dirigiu-se à porta. Em seu pensamento ansiava observar a plantação flores, porém, avistou ao longe um movimento estranho. Não era nenhum dos funcionários que a auxiliava no trabalho, já que era domingo, o dia de descanso.

Era poeira para tudo quanto é lado e foi aí que percebeu de quem se tratava aquele veículo escandaloso, seu ex-namorado, Artur. Não acreditava que logo ele teria coragem de sair do meio urbano sem quase informação nenhuma sobre o seu paradeiro para ir vê-la, essa seria uma circunstância absurda, mas como em termos de loucura o ser humano é mister, logo começou a achar a ideia normal e gostar do atrevimento do rapaz.

Estava afoito, suado e com uma aparência de cansado.

Olha só quem resolveu dá o ar da graça... Você está bem?

Estou exausto, mas pretendo conversar contigo antes de qualquer coisa.

Comece seu discurso.

Eu só queria que você entendesse que não fiz por mal, como você queria que eu aceitasse toda essa sua loucura? Sua vontade imensa de querer fugir da vida... Qualquer um pensaria que você não estava muito bem situada. Como eu poderia crer que fosse verdade?

Pois é... Como iria? Mas a confiança é o pilar primordial para um relacionamento, e isso foi o que você mais provou não nutrir por mim.

Sei que deveria ter te apoiado imediatamente, mas eu não queria abandonar minha vida, meus laços de amizades... Eu não estava pronto para romper de forma repentina.

Porém mostrou uma falta de apoio tremenda com quem você dizia ser primordial em sua existência. Sinceramente eu fiquei muito admirada por te ver aqui, até porque você recusou-se a vir morar comigo... Bem está vendo que não me encontro nenhum pouco desamparada, mas, com certeza, deve ter visto que a única pessoa que realmente te apoiava em seu mundo de razão era eu. Irônico não?

Não foi falta de amparo algum, eu percebi o quanto estava com saudade, até por que eu não acreditei realmente que você faria isso.

Então você pensa que minhas palavras são simplesmente sopradas ao vento, afinal, quando foi que você realmente me escutou? Diariamente eu questionava meu modo de viver e dar seguimento àquela amargura não era algo coerente.

Eu sei que tratei levianamente suas ações, porém, você também deveria ser mais comedida, onde já se viu tamanha extravagância? Vendeu todos os seus bens impulsivamente, como eu poderia avaliar essa situação? Para mim não passava de suas crises passageiras. Não via motivo algum para se sentir vazia, você sabe o eu penso com relação a isso. Considerei ser apenas uma frescura de pessoas que possuem tudo e decidem largar, mas eu vi que julguei um pouco prematuramente suas atitudes, vejo que está bem, se eu vim até aqui é por que te amo e para dizer que se você realmente quer viver dessa forma eu te apoio. Só não quero que você fique mudando sempre por que algo no local não a agrada.

Deveria ter conversado comigo anteriormente sobre os fatos, pois, se você pensa que eu não tenho bom senso, sinceramente, não sei o motivo pelo qual conviveu comigo durante esse tempo.

Vamos conversar sobre isso e esclarecer calmamente o episódio, há muitas coisas em aberto. Eu te amo, tenho plena consciência. Não podemos nos afastar por um mero descuido.

Sentaram em um banco próximo a entrada.

Estava muito estressada naquele ambiente. Qual o motivo de você ter negado a ideia de vida que eu quero levar?.

Compreendo sua insatisfação, porém com sua personalidade oscilando, será que você não desistiria desse território também e voltaria para o seu antigo lar? Você não passava muita certeza em seus atos, tanto que na hora da despedida apenas me telefonou afirmando que já estava partindo, como eu poderia ter uma afirmação concreta do seu amor? Uma imensa quantidade de atos deixou a desejar. Estou decidido a ter uma resolução firme do que você deseja desse relacionamento.

Aquele estresse todo me deixava sem uma direção firme de como levar os meus dias, queria fugir o mais rápido, tentei comunicar, porém você estava tão concentrado em seu trabalho que talvez não tenha percebido os sinais que eu tentei mostrar, gostei de sua atitude ao me visitar, mostra que você realmente se importa. É muito fácil julgar os defeitos alheios, sei que erro, mas eu tentei ter uma diálogo sério contigo, porém o tempo era ínfimo.

Acredito que todos nós perdemos um pouco com a realidade que nos destinam, pena eu não ter aberto os olhos antes para lhe ouvir, sua presença é fundamental em minha vida. Eu tenho razões imensas para largar tudo e procurar saber o que se passa com sua pessoa. Havia enxergado tudo como uma fuga premeditada, mas refleti que deveria existir mais razões. Confio que você não faria isso inconsequentemente.

Claro que não. Aqui é o local onde me sinto preenchida, queria que você tivesse comigo anteriormente, mas tivemos que romper de forma brusca por conta de sua falta de atenção. Eu não quero me sentir tão sozinha. Quero seguir um outro modelo de vida, não vejo benefícios algum para qualquer cidadão existindo daquela maneira, principalmente para uma criança. Quero que meu filho ou filha tenha liberdade para crescer em um ambiente livre e que deseje ter vida acima de tudo.

Entendo o seu ponto de vista. Lamento por não ter compartilhado com ele antes. Estou de acordo com sua análise, estávamos nos destruindo lentamente, e eu nem tive capacidade de perceber.

Todos ficamos desorientados, acreditamos que aquilo é a vida, mas na verdade é algo que escolhem para nós.

Almejo tanto para que nosso relacionamento melhore. Você é muito importante para mim, eu perdi tanto em sua ausência, fico sem alicerce algum.

Está realmente disposto a viver comigo nesse local independente do que você fazia em outro ambiente?

Que outro homem sairia predestinado em ver uma mulher que se encontra tão distante se não a amasse? Eu sou inteiramente apaixonado por sua pessoa, Marcela. Desejo sim viver contigo.

Artur, há tanto tempo você não diz coisas tão amorosas! Sinto-me até mais viva por perceber que você me ama com tanta força.

Ficamos perdidos na ganância, também me sentia infeliz, mas tentava cobrir toda a tristeza na busca por posições que a sociedade valorizasse, esquecendo completamente dos valores que me impulsionam a viver.

E por qual motivo você também não compartilhou da minha ideia?

Medo de que outra vida não tivesse tanto significado, mas nada disso tem mais sentido. Ficar longe de você é uma agonia impossível de sentir.

Daqui para frente o primordial será o 'Nós' e não o 'Eu'.

Estou completamente de acordo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Astronaut Suicides - Neil Dacosta



'I understand that some believe that we should return to the surface of the moon but I have to say this bluntly, we have been there before.'


President Barack Obama
April 15th 2010


Após essa frase, muito indignado, o fotógrafo Neil Dacosta tentou retratar, como o próprio nome já diz, ' Astronautas Suicidas'... Já que não é todo dia que seus sonhos são destruídos por uma fala presidencial. O projeto é bacana!

Autumn Market - Phan Thu Trang


sábado, 23 de julho de 2011

Arquivo

Entraram na sala onde estavam guardados os documentos.

- Muito cuidado com esses, pois com três ou quatro anos já ficam amarelados.

- Nossa! Três ou Quatro... E isso é muito tempo ?

...
...
...

- Talvez.

E saíram da sala.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Pequenos textos misturados

Poeminha de Amor


O que é o amor e o seus defeitos?

Que me faz ser assim tão sem jeito

E deixa apenas essa vontade louca

De querer rodar, e rodar...

Quando suspiros de tristeza aparecem

Fazendo-me querer resgatar

A calma que me fortalece

Na ânsia de ver a tempestade passar



Versinho da ilusão


Miudinha tal como um botão

Aos poucos tentei largar a ilusão

Agarrei-me ao que era azar

Julgando me encontrar



Algum Lembrete.


Tão pequena, fraca e incontida emocionalmente fui.... Por situações que só sobreviveriam com a calma. Corrompi a mim mesma perturbando o ciclo da minha sina, e quando você percebe no que ficou trancada, é mais que um assombro, é apenas a serenidade chegando para mostrar que tudo pode ser reinventado e escrito novamente.



Bilhete à Bolha.

Querida bolha na qual estava presa,

Desejo imensamente que vá com sua falsa proteção e sua casca ingrata p’ra bem longe. Tu já não serve. Quero que minha pele seja a casca e que minha vida seja o pó. Já sou cega demais sem a sua proteção, desisto de mais ilusões.

Agradecida, Sua cobaia.


A vida dói, mas o que mais dói é não viver.



terça-feira, 19 de julho de 2011

Livros!

Ultimamente o meu rendimento com relação a leitura está fraco, tanto que faz umas duas semanas que não termino um... Na verdade, fugindo da maioria das pessoas, eu leio com mais facilidade livros digitalizados, e como eu decidi abrir todas as folhas que estão me chamando fazem um bom tempo, resolvi deixar o computador para essa finalidade de lado, já que continuar aqui é sinônimo de atraso na certa. Para ajudar na minha motivação irei fazer um post sobre os coitadinhos, mas, nada de resenhas da minha autoria, até pelo motivo de não ter terminado, colocarei a sinopse deles.

Sinopse - A Situação Humana - Aldous Huxley
Em 1959, Aldous Huxley proferiu uma série de conferências na Universidade da Califórnia, que foram excepcionais por sua visão e vasta erudição.O tema de Huxley foi o relacionamento do Homem com seu planeta e ele abordou questões que se
tornaram - comoanteviu - cruciais para a sobrevivência da civilização.Estes ensaios foram agora reunidos para a publicação e nos fazem relembrar não só a grandeza intelectual de Huxley, seu profundo conhecimento de Literatura, Ciência e Filosofia, como também a extraordinária clareza e perspicácia de seu pensamento.







Sinopse - O Morro Dos Ventos Uivantes - Emily Brontë
Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança. "Meu amor por Heathcliff é como uma rocha eterna. Eu sou Heathcliff", diz a apaixonada Cathy. O único romance escrito por Emily Brontë e uma das histórias de amor mais belas de todos os tempos, O morro dos ventos uivantes é um clássico da literatura inglesa e tornou-se o livro favorito de milhares de pessoas.










Sinopse - Os Vagabundos Iluminados - Jack Kerouac
"A vida é linda, e poucos conseguem colocar no papel todo seu sabor e maravilhamento e tristeza e humor de um jeito mais interessante que Kerouac"

Luther Nichols, San Francisco Examiner

Considerado por muitos especialistas e fãs da literatura beat como o melhor romance de Jack "On the road" Kerouac, Os vagabundos iluminados (The dharma bums) conta a história de uma busca pela verdade e pela iluminação. O protagonista, Ray Smith, é um aspirante a escritor de San Francisco que anseia por algo mais na vida. Esse algo mais será apresentado a ele por Japhy Rider – um jovem zen-budista adepto do montanhismo que vive com um mínimo de dinheiro, alheio à sociedade de consumo norte-americana.Em meio a festas, bebedeiras, garotas, jam sessions, saraus poéticos, orgias zen-budistas e viagens, Os vagabundos iluminados – lançado nos Estados Unidos em 1958, apenas um ano após o estouro de On the road, e somente agora publicado no Brasil – é, sem dúvida alguma, uma obra à altura da sua irmã mais famosa. O estilo turbinado, superadjetivado e livre de Kerouac exala doses nunca vistas de humor, sabedoria e contagiante gosto pela vida. Temos aqui uma geração beat mais beatífica, mais otimista e mais tranqüila. Em suma: mais iluminada.


Beijocas ;*

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mudança de Rota

Estou em uma espécie de repaginada espiritual, mas não tem nada como mudar de religião, é na tentativa de me completar de verdade. Estou analisando mais as coisas de forma seleta e provando algumas novas, pois chega um momento que aquela música não passa de mais um fiasco e por mais que o instrumental seja bom a letra não compensa ou vice versa. Filmes, por exemplo, às vezes da primeira vez eu acho brilhante tudo o que ocorre nele, mas, como o tempo, ele passa a ficar mais opaco que esmalte fosco, então, talvez tenha sido somente as cores dele que foram muito atrativas no início, ou sei lá. Estou com uma imensa vontade de reler alguns livros, mas confesso que me encontro meio afoita nessa parte e acabo não fazendo muito, já que não sou a senhorita organização. As emoções mudam, sentimentos e derivados também e tudo aquilo que me compõe tem que ir me acompanhando de acordo com essas passagens ou então eu já não encontro um sentido, já que é como está vivendo sem viver... Costumo imaginar tudo isso como algo etéreo, é melhor que ser pedra. Existe muita coisa ruim por aí e , infelizmente, convivemos a maior parte do nosso tempo com elas, essa concepção pode vir com o tempo, então, é bem melhor está atrelado a algo que você ame, o arrependimento vai ser menor depois, pois, mesmo que esse sentimento mude, você sabe que ele existiu.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Como eu me sinto, penso e derivados.


O blog é um espaço aberto para os indivíduos falarem o que bem quiserem, o meu, até certo ponto, é bem pessoal, até pelo motivo de que colocar minhas poesias, coisa que eu tenho extrema timidez em fazer pessoalmente, talvez eu me sinta uma super ninja na internet. Existem certas coisas que não dá para comentar e outras pelo motivo de eu ter vergonha, não conto, esse sentimento vive me atormentando, até pelo fato de ser uma pessoa que muda de humor um pouco fácil e depois fico com o pé atrás sobre inúmeras coisas que eu fiz, disse e até mesmo deixei de fazer. Atitudes no cotidiano que passam totalmente despercebidas por mim, realmente eu não lembro, mas que as pessoas ficam chateadas. Piso onde não deve! Explodo, sou ignorante momentaneamente e imediatamente aquilo some como se nada tivesse acontecido, a personalidade muda com facilidade. Por ser desse jeito, minhas relações pessoais , não sei se por conta disso, não vão muito adiante. Um outro ponto é que eu talvez não me dê tanto como amiga, não seja uma pessoa 100% presente, e por isso eu já evito proximidade em demasia, sei que seria uma coisa falha e poderia ferir o sentimento alheio, eu detesto isso. Mesmo não sendo 100%, às vezes eu não estou 100% e comento coisas, mesmo que banais, para outros indivíduos e fico remoendo o que eu disse, aí novamente vem a vergonha, por ter comentado. Eu não sei como funciona as relações pessoais de outras pessoas se rola disso, se tem gente que releva, sei lá... Mas acaba acontecendo. Eu reclamo de coisas sem necessidade, me estresso sem necessidade, comento coisas para pessoas que não possuem interesse. Tenho que ficar me policiando, medindo tudo para não errar, ou pelo menos evitar o sentimento de erro, mas eu erro, acabo errando, pisando na bola inúmeras vezes e piora tudo na TPM.
Eu não observo muito os defeitos alheios, tudo o que eu acabo tendo de analise mais profunda são impressões de outras pessoas, e quando eu chego a conclusão de algo é o aspecto mais superficial que até minha prima de 8 anos percebe.
Creio que seja uma pessoa legal, porém imatura para um indivíduo da minha idade.
Agora me retiro do divã. Beijocas.

domingo, 10 de julho de 2011

Desafio literário

Respondendo as perguntinhas do desafio que chegou através do : Dois e Meio. Fico agradecida pela preferência! Agora vou me sentir uma pessoa ilustre *cof cof*

1 - Existe um livro que você leria e releria várias vezes?
R: Sim. No momento exitem vários que eu gostaria de refazer a leitura, porém o primordial é : A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón . Recomendo completamente para quem ainda não teve a oportunidade!


2- Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?

R: Hum... Meu nome é vermelho - Orhan Pamuk, o livro não é chato, é muito bom por sinal.! Nem entendo o motivo pelo qual ainda não terminei... Ainda faltam 100 pag creio eu... Daqui pro final do ano, quem sabe? Desde 2009 estou nessa saga xD Conto mesmo! Que é p'ra ver se tomo vergonha na cara! kkkkkkkkkk


3 - Se você escolhesse um livro para ler para o resto da sua vida, qual seria ele?

R: Perguntinha complicada, viu? Acredito que seria Sobre a brevidade da vida- Sêneca, usaria como um tapa na cara quando tivesse em alguma crise de baixo astral do tipo : 'tudo de ruim acontece comigo, ninguém me ama'... Às vezes ela chega... xD


4- Que livro você gostaria de ter lido, mas que, por algum motivo, nunca leu?
R: Todos os livros de Dostoiévski... Já li alguns, mas algum dia lerei todos, acho magnífica a obra dele, quase admiração!

5 - Qual livro que você leu cuja "cena final" você jamais conseguiu esquecer?
R: Grandes Esperanças - Dickens.

6 - Você tinha o hábito de ler quando criança? Se lia, qual tipo de leitura?
R: Gostava de ler 'Contos de Fadas' como Cinderela, Branca de Neve, Rapunzel... Revista em quadrinhos, Poesias, Contos e Livros infantis de escritores diversos.

7 - Qual o livro que você achou chato, mas ainda assim o leu até o final?
R: A viuvinha - José de Alencar...

8 - Indique alguns dos seus livros favoritos.
R: Indico todos os que eu citei menos, claro, A viuvinha. Também recomendo Madame Bovary, A revolução dos Bichos, O guia do mochileiro das Galáxias e A garota dos pés de Vidro.



Repasso o desafio para:

Espero que tenham gostado. Beijos e uma boa leitura!