sexta-feira, 29 de março de 2013

O Leitor (The Reader) - 2008


     


      O Leitor retrata a história de amor entre Hanna e Michael, onde, no auge de sua adolescência (aos 15 anos) descobre a paixão por uma mulher mais velha.  A peculiaridade dessa história se encontra no fato de que após os momentos amorosos Michael lia para Hanna livros que ele pegava na biblioteca da sua escola ou que aprendia em alguma de suas aulas. As obras variavam desde quadrinhos das Aventuras de Tim Tim até a Odisséia. Apesar de sua densa paixão percebemos que em determinado momento Michael sente-se dividido entre sua vida escolar, amigos e a sua amada.

   Tal relacionamento ajudou relativamente no amadurecimento de Michael possibilitando que ele pudesse perceber o amor, porém, com a repentina partida de Hanna os dois amantes passaram a seguir rumos diferentes; ele se tornando estudante de direito e ela guarda de campos de concentração. O que torna a peça chave do filme é que mesmo tendo vidas diferentes eles acabam se encontrando no tribunal; ele ainda como estudante apenas assistindo ao julgamento e Hanna no papel de uma das rés.

     A sensibilidade com a qual o filme toca tanto com relação ao poder da leitura e escrita na vida da pessoa, quanto a vergonha do indivíduo em admitir suas fraquezas perante a sociedade é emocionante.

    O filme que possui a duração de aproximadamente duas horas e é recheado de bons diálogos, atuações, fotografia, pois, apesar de tocar em um assunto sério consegue atravessar a dura realidade e transmitir a mensagem de uma forma lúdica típica do cinema. Essa história foi baseada no livro homônimo no qual o título original é Der Vorleser. Possui, também, a brilhante Kate Winslet como Hanna Schmitz cujo papel lhe rendeu a premiação no oscar de 2009.



segunda-feira, 25 de março de 2013

Mulheres - Charles Bukowski



         Com a sua escrita característica, Charles Bukowski, no livro "Mulheres" relata diversas aventuras amorosas e sexuais do seu alter ego Henry Chinaski. Com um ar melancólico, mesclado com a típica cafajestice e toques de humor o enredo do livro é marcado por diversos personagens secundários que, na realidade, são o mais importante da obra: As mulheres. 

      Em dado momento o que seria uma pesquisa antropológica [segundo o personagem], onde conhecer o universo feminino seria o alvo, os acontecimentos misturam tons de canalhice e autoconhecimento, já que, ele tenta a todo custo durante a trama convencer-se de que é um bom ser humano apesar de não conseguir controlar os seus instintos animalescos. Cada mulher que aparece, possuindo uma passagem efêmera ou não, vai fazendo com o que o nosso Chinaski tenha uma maior amplitude do universo feminino, pois, apesar da sua idade relativamente avançada, os seus relacionamentos só se tornaram frequentes quando associado ao seu sucesso no campo literário. 

         A leitura do livro é rápida, direta, engraçada e envolvente. Há nele alguns pontos chaves do que realmente ocorre na sociedade sem muito 'mimimi' que a maioria dos romances possuem, o que faz com que tal escritor seja cultuado por muitos indivíduos. 

          "Esse é o problema com a bebida, pensava, enquanto enchia o copo. Se acontece uma coisa ruim, você bebe para esquecer; se acontece uma coisa boa, você bebe pra comemorar; se não acontece nada, você bebe para que aconteça alguma coisa."  BUKOWSKI, C.

           Essa é uma das citações mais famosas tanto do livro, quanto do autor. A média de páginas varia entre 285 - 320 dependendo da edição. 


quarta-feira, 20 de março de 2013

Meia-Noite em Paris - Midnight In Paris (2011)


               O roteiro de "Meia-Noite em Paris" é algo indescritível. Woody Allen realmente fez algo para perpetuar ao longo de gerações. Gosto dele como roteirista e de algum de seus filmes, porém, há outros que eu não consigo engolir...  Vamos voltar ao assunto... Quando assisti essa película no cinema foi algo de empatia total, pois, ver misturado o cenário cultural parisiense, tons de comédia e dúvidas existenciais é motivo de aplausos.
                Nesta obra podemos ver Gil, um famoso roteirista de cinema hollywoodiano, que ao viajar com noiva e os pais dela para a cidade luz repensa sobre a vida que vem levando e decide neste ambiente reviver o seu antigo desejo: Ser escritor. Tal trajetória não é nada convencional funciona quase como uma mistura de ópio com viagens no tempo, já que, nesse cenário lúdico, que é a cidade de Paris, o jovem escritor/roteirista passa a se deparar com figuras que não só lhe inspiram como, também, idolatra. Temos nessa lista: Hemingway, Picasso, Salvador Dali....
           Além da natureza artística e caricata dos personagens, percebemos no filme um amadurecimento gradativo de Gil, pois, convivendo temporariamente em épocas passadas percebe que cada momento histórico é único e, que no melhor das hipóteses, podemos absorver o que foi produzido anteriormente e através de um exercício de reflexão por em prática na atualidade, afinal de contas, vivemos no agora. Toda essa filosofia foi por ele absorvida através, também, da sua efêmera paixão (Adriana)  que, ao contrário de suas expectativas, pois, acostumado a ver os anos 20 como um verdadeiro marco, percebe em sua nobre companheira que vive justamente no período que ele considera glorioso a apatia por esse momento. A princípio considera o desejo de Adriana pela Belle Époque algo romântico e bonito, só que, para ele, não chegaria perto dos anos 20, inclusive, pelo fato de não existir penicilina no século XIX. Talvez a morte de grandes artistas por conta da tuberculose tenha  chocado um pouco.(rs) 
                      Depois toda essa turbulência ideias e ideais ele consegue, finalmente, chegar a conclusão de que é possível encontrar prazer na atualidade e indivíduos que compactuem com seu estilo de vida. Afinal, são raros, mas existem. 





                         

quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia Nacional da Poesia


No dia 14 de março é comemorado o dia Nacional da Poesia ( data essa que é comemorada em homenagem ao nascimento de Castro Alves) e o Brisa de Palavras como forma simbólica de comemoração colocará o poema Vozes d'África.






Vozes d'África

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...

(...)

Minhas irmãs são belas, são ditosas...
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos haréns do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.

(...)

A Europa é sempre Europa, a gloriosa!...
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!...

Sempre a láurea lhe cabe no litígio...
Ora uma c'roa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
O Universo após ela — doudo amante —
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.

.......................................

Mas eu, Senhor!... Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro... bebe o pranto a areia ardente;
Talvez... p'ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão...

(...)

Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal que volve
O siroco feroz...
Quando eu passo no Saara amortalhada...
Ai! dizem: "La vai África embuçada
No seu branco albornoz..."

(...)

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?...
E que é que fiz, Senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!...

...........................................

(...)

Vi a ciência desertar do Egito...
Vi meu povo seguir — Judeu maldito —
Trilho de perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d'Europa — arrebatada —
Amestrado falcão!...

Cristo! embalde morreste sobre um monte...
Teu sangue não lavou de minha fronte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal...

Hoje em meu sangue a América se nutre
— Condor que transformara-se em abutre,
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais... irmã traidora
Qual de José os vis irmãos outrora
Venderam seu irmão.

.........................................

Basta, Senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p'ra os crimes meus!...
Há dois mil anos... eu soluço um grito...
Escuta o brado meu lá no infinito,
Meu Deus! Senhor, meu Deus!!...

São Paulo, 11 de junho de 1868. 



Castro Alves

quarta-feira, 13 de março de 2013

As Aventuras de Pi - Life of Pi





                         Além de tudo o que já foi dito a respeito do filme sobre sua direção, roteiro, ideia, baseado em um livro,... Pode até ter se tornado algo massante ver sempre na mídia e por essas características possa ter surgido o desinteresse em alguém, já que, geralmente por onde a maioria anda há algo de pouco convincente nisso. Desarmada de preconceitos e influências externas é bom ter uma noção do que realmente passa nas entrelinhas da película. Não, ainda não tive a oportunidade de ler o livro... Se bem que ele está por um preço bacana nas livrarias. 
                           Já havia decidido que gastaria parte do meu tempo assistindo essa obra e o que mais poderia acontecer,... Acredito que nada de ruim. Com todas as suas cores chamativas e efeitos poéticos poderia ser apenas uma atração rica em arrecadação. Só que a partir do momento em que o longa começou a rodar me tornei mais e mais envolvida com a obra. No fundo todos nós estamos presos nesse oceano, com nossos próprios medos e a nossa mente, cheias de ilusão que é, consegue transformar tudo e deixar, talvez, as coisas melhores do que realmente ocorreram. 
                        A vida não precisa ser escrita de forma dura e precisa. Podemos delinear e ser qualquer coisa. Algumas obras seguem essa linha de pensamento. Doce mundo da fantasia. 
                    Só por transmitir essa mensagem simbólica o filme, para mim, já vale a pena ser assistido, principalmente, pelo fato de boa parte da seleta lista dos 'melhores filmes', segundo o Oscar, mostrarem a vida nua e crua. 
                             Mesmo estando um pouco atrasada com relação as notícias do Oscar, falar de um bom filme nunca é demais... Espero que essa minha volta ao blog seja bem recebida. Beijos, meus poucos leitores e espero que se vocês ainda não tinham tido interesse ou oportunidade aproveitem essa ideia e curtam esse bom filme.