sexta-feira, 25 de junho de 2010

Harmonia da vida

- Já são 5 horas Gabriela e você ainda não concluiu o trabalho! O que irá fazer ?
- Tenha calma,...
- Já não sei o que você quer mais! Tinha tudo tão bem planejado... E agora?
- Está tudo sob controle...
- Assim espero. Fingirei acreditar em suas palavras, talvez amenize...
- Tudo dará completamente certo.
Cláudia a assistente saiu um tanto incrédula daquela sala.
No mesmo momento Gabriela pega a sua bolsa, umas chaves, a câmera estava pronta para retomar sua vida. Sai rapidamente da empresa, chamando um táxi em busca do som perfeito para o seu projeto. Sim, era o som, sua vida já não era mais guiada pela emoção dos sentidos de forma separada, tudo deveria está perfeitamente cruzado. Desceu do táxi e lá estava ela na alegria que florescia cada vez mais quando não se encontrava dentro do escritório, da forma leve de fazer as coisas e do seu jeito.
Começou a fotografar inúmeros casais no parque, sentir um pouco da alegria que eles passavam em seu sorriso e com isso poder esquecer um pouco dos seus problemas. Eram pássaros, micos, pessoas... Tudo em harmonia, algo que a comovia profundamente.
"O amor, palavra de incertezas em meu vocabulário. No meio de tantos papeis e projetos, vivia achando que aquilo tudo me bastaria para preencher o fracasso dos meus relacionamentos e temo dizer que funcionou, mas necessitamos de emoção, quando tudo cai na monotonia é hora de se refazer."
Foi seguindo até o lago para pegar a linda paisagem que se formava tendo ao fundo um seu azul rico em lindas nuvens brancas. 'Isso tudo era amor', afinal, pelo menos era isso o que sentia. Renovada de energias seguiu ao parque para tirar fotos de alguns momentos preciosos da infância, o zelo dos pais e a alegria de poder ser livre através dos brinquedos. Através de situações como essas é fácil entender como cada um dá um ritmo especial as suas vidas, e vê o que realmente é necessário para si mesmo. Talvez daqui a 20 anos, pensou.
Em uma leve pausa, resolveu tomar um café. Realmente mesmo que buscasse outra coisa para si, lá estava tudo retornando, suas necessidades no fundo eram as mesmas em um ciclo infinito de querer e não querer.
-Com leite ou sem leite?
- Han?
- Senhora é com leite ou sem leite?
- Com.
Estranho, pois detestava café misturado com algo. Vontades que surgem e vão como forma de se desfazer de algo.
"Era cedo demais. Não entendo como Cláudia fazia tanta pressão por isso, ainda faltavam duas semanas. Muito tempo, realmente muito tempo, pelo menos para esse projeto era. Cada um vê o tempo de uma forma diferente, seria tão chato se fosse igual. Muito tempo para o projeto e tão pouco tempo para amar, mesmo amando a vida o que falta? O que falta eu sei, o problema são as vias... As vias. "
Pegou suas coisas e saiu da cafeteria. Retornaria ao escritório e concluiria ferozmente aquela apresentação, suas palavras geralmente funcionavam perfeitamente depois de um descanso.
- Ei, ei !
Alguém a chamava.
-Você deixou seu caderninho na mesa.
- Muito obrigada.
Mas assim que percebeu viu que aqueles olhos não tinham sido feitos simplesmente para enxergar e sim serem admirados, penetrados e quem sabe descobertos.
- Você é realmente encantador. Muito obrigada mesmo.
- Não a de que.
- Estou um pouco atrasado, tenho que ir.
- Tchau!
Ficou um pouco parada pensando no que talvez poderia acontecer. Poderia não ser nada além do normal mesmo, não teria motivos para imaginar alguma situação fascinante.
Chegando ao escritório encontrou-se novamente com Cláudia que lhe advertiu novamente sobre a situação.
- Já estou com tudo pronto Cláudia, daqui a pouco lhe entrego.
- É um milagre! Não sei como você consegue escrever algo tão rápido!
- Agora você me elogia... Não é?
- A você sabe como funciona as coisas aqui, é muita pressão e parece que você fica desligada...
- Mas você sabe muito bem que eu não sou desligada de tal forma. Vou até a minha sala daqui a pouco eu te chamo para explicar os detalhes.
- Certo.
Elaborando o texto, sentiu por um instante um devaneio ao lembrar daqueles olhos e ao abrir o seu caderninho, percebeu algo diferente escrito.
" Sou quem te entregou o caderninho, desculpe por está escrevendo nele, mas é que eu te achei extremamente fascinante e te observei desde quando entrou, e assim que notei o seu esquecimento decidi escrever imediatamente, este é o meu número..."
Talvez seja algo além do normal mesmo... É quando o brilho nos olhos volta a surgir.

Um comentário:

G.B. disse...

Li teu texto em partes, já gostei logo de cara, depois volto para lê-lo por inteiro.
Sinto tanta falta de vir aqui, de escrever...
Minha flor, atualizei o meu, se puder, passe lá.
Beijão!