Catrina estava ainda sonolenta,
meu senhor, ela olhava para o teto agraciando-se com o movimento das suas mãos
que tentavam acompanhar alguma música infantil que se instalara subitamente em
sua mente contaminada pelo efeito do álcool.
Ela ainda era jovem, nobre
colega, não havia muitas marcas peculiares do tempo em seu corpo, entretanto, em
sua alma que outrora fora doce e frágil, cultivava raízes de lamentações provenientes
dos momentos tortuosos que a vida ajudou a compor.
Diante das inúmeras paixões fugazes que arrancam as carnes do seu âmago e dilaceram sua alma, Catrina havia criado uma zona de romances etéreos. Entretanto, existia alguns questionamentos: Há algum modo de se fazer
presente na vida do outro ante a ausência de sentimentos?! E, talvez, elevar a
um status surreal o seu próprio existir?!
Catrina acreditava que sim e, por
isso, tentava esquivar-se das novas nuances do mundo.
Mas em cada esquina há maquiagens
borradas e corações vazios. Sem amor, ou afeto. A carícia por vezes mais soa
falsa do que verdadeira. Sendo mais uma noite tão esquecida quanto qualquer
aceno perdido entre demais gestos.
Por todo sentimento depositado
nas paixões escarlates, nos amores derramados e extasiados em si mesmo. Pelos
hinos e canções apaixonadas, da sensação de regresso e repentina. Catrina derramou a sua bebida nos escombros e
destroços desse plácido momento que se foi antes do prenúncio e disse para si:
“Pelo amor e por amor! E mesmo
que o amor não exista que pelo menos tenha sido em busca dele.”
Catrina então voltou a dormir, Senhor.
E parece que havia um sorriso ilógico entre seus lábios.
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