terça-feira, 14 de agosto de 2012

O tropeço




Corri
...
...

  Tropecei a uns 50 passos do meu curso. Havia alguns indivíduos no local. Todos olharam; os indiferentes  continuaram seus passos, outros, como de costume, soltaram gargalhadas externas e internas.
  Não há ajuda para aquele que cai; não há ajuda para aquele que almeja voar.




  Arrumei os papéis espalhados. Constrangida tentei sair o mais depressa possível daquele ambiente.
  Não olho com negatividade quem está no chão; nem ridicularizo. Sei que sou indiferente, igual a milhares de indivíduos, por isso, não desejo estar em situação de inferioridade ou bobo da corte. 
  Entendo a minha queda como resposta daquilo que me ocorre ao redor. Reconheço-me e desconheço compassadamente e percebo que minha nota quase não se modifica. 
  As risadas; as dóceis risadas permanecem em meu âmago. Vontade de martirizar igualmente.
...
Prossigo o caminho
...
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Entristeço
...
...
Penso
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Consolo-me
...
  Percebo que já estou em casa. Cansada; cansada principalmente de pensar em tudo que me ocorreu. Dessas insignificâncias que me corroem. Limpo minha cama e deito. Procuro dormir na esperança de que tudo se apague em meus sonhos; que um novo dia surja e que eu não busque por explicações. Desejo que alguma coisa absurda, como em uma estória de ficção, ocorra em minha vida; nessa crença infantil o sono chega.
...
...
É como ganhar na loteria se eu recordo dele posteriormente.
É com legítimo azar que as risadas permanecem em mim.


5 comentários:

Lola disse...

Adoro a forma como você escreve. *^*
Cair em qualquer sentido é terrivel, as risadas são crueis e na maioria das vezes elas que tornam a vergonha prolongada, T^T

Marina Menezes disse...

Cair é muito ruim, principalmente quando se está sozinho. É tão chato... Pior é que ninguém ajuda, como você falou, tanto para quem cai de verdade ou como quem cai simbolicamente, seja lá como for.
Gosto do modo como você usa as palavras, dá um "efeito" legal no texto.
Eu também desejo que alguma coisa absurda aconteça, mas fico triste quando acordo e vejo que está tudo como no outro dia, ou algumas vezes, pior.

Anônimo disse...

Adorei o duplo sentido e não sei qual dos dois você realmente quis expressar: se a queda física, ou se as quedas psicológicas da vida. De qualquer forma, sua descrição foi fidedigna às duas. Cair faz parte, seja nas pedras da calçada, seja nos próprios obstáculos que a vida nos impõe, e por mais que eu tenta me convencer disso, as vezes a minha única vontade é dormir, como você disse, pra fugir da vida e desse cansaço eterno de lembrar das nossas feridas.

Anônimo disse...

*tente

Mauro disse...

Belo texto! A sociedade está sempre nos tentando derrubar, o vencedor é aquele que sabe cair e levantar mais forte.!

=**

beijão.