sábado, 1 de novembro de 2008

Salão de Sorrá


Parei por alguns instantes no topo da escada, mirei lentamente tudo que se encontrava abaixo .Não era felicidade aquilo que eu sentia, apenas uma apatia. Alguns poucos amigos que ali se encontravam me viram descer. Senti uma leve tontura, mas prossegui com a descida, cada degrau parecia querer engolir-me, eu não os via com nitidez, tudo parecia frio e distante. Encostei minha mão na parede, e prossegui. Apesar de aquilo me corroer eu continuava, continuava e continuava.
Quando dei por mim, já estava no térreo. Algumas poucas pessoas vieram me cumprimentar, outras passavam com suas amantes. Novos rostos, era sempre assim. Sentei em uma das poltronas com minhas pernas estendidas, fiquei observando aquilo tudo, imaginando se poderia ser diferente, quando ouço alguém dizer:
- Poderia ser,...
Era o Pedro, um homem com seus 28 anos, e eu a sua preferida.
Pedro: - Carmem, tu sabes que poderia ser diferente...
Sentou ao meu lado e colocou seu braço nos meus ombros. Nesse momento caíram algumas lágrimas, que ele cuidadosamente fez o favor de secá-las.
- Você sabe muito bem de tudo, e torna-se cada vez mais complicado quando alimentamos esse romance.
Ele começou a alisar meus cabelos.Quando surgiu uma voz, com tom de ordem:
- Aqui não é lugar para namoro, é pra trabalho se quiser minha prostituta que pague!
Era Madame Sorrá a dona do estabelecimento.
Pedro: -Não se preocupe senhorita! Como tu estás magnífica! Sempre, Sempre! Aqui está o valor para o quarto.
Pegou a minha mão e me levou até o cômodo.
Quando chegamos ao local, fui tirando minha roupa, era só fazer o serviço, usar alguma droga e descer novamente.
Pedro: -O que você está fazendo?
-Tu estás pagando pelos meus serviços.
Pedro: Sabes que eu não pago pra somente usufruir de ti. Vamos conversar...
-Conversar sobre o que? Sobre tu pagar minhas contas? Sobre fugirmos e termos uma vida diferente?
Pedro: -Justamente!
-Eu não me sinto digna de ser a tua esposa.
Pedro segurou nos meus ombros e disse:
-E quem de fato é digna, eu te amo e você me ama, eu pago e vamos embora!Ou você prefere essa vida que a mim?
- Não diga uma calúnia dessas, sabe o quanto gosto de tu, mas...
Pedro: Mas o que?
-É triste saber que eu não vou ser a esposa pura que todos sonham...
Pedro: -Eu te conheci assim, não me importo com os sonhos dos outros.
Olhei para o relógio da parede.
-O tempo está acabando.
Pedro: -Vamos Carmem! Ou você por acaso não me ama?
-Lógico que te amo, por tudo que há de mais sagrado.
O tempo acabou e eu saí do quarto, Pedro em seguida.
Apesar de nos amarmos Madame Sorrá, não me venderia para aquele homem nunca, jamais que ela perderia a oportunidade de estragar a felicidade alheia e de lucrar algumas míseras.
Passado algum tempo surgiu alguém naquela cidadezinha, todos se perguntavam quem era e o que fazia. Ia todos os dias ao Salão de Sorrá, comia bebia, as outras garotas ficavam tentando atraí-lo, porém ele não partia para o segundo passo, ficavam somente pela recepção e depois ia embora. Sorrá ficando indignada com aquela cena diária e percebendo que ele poderia lhe proporcionar algumas quantias maiores fazendo-o ficar com as garotas, pediu para que todas o servissem. Eu estava angustiada, não queria dormir com outro homem, isso se ele aceitasse, pois me confortava saber que ele não tinha olhos para tais garotas, mas queria que Pedro chegasse logo e me tirasse daquele lugar.
Passaram as horas e ele não havia aceitado a cortesia de nenhuma. Madame Sorrá apertou o meu braço e com um empurro disse para ir até o local, retirar o que estava na mesa e perguntar se aquele senhor queria mais alguma coisa.
- Mais bebida?
Ele fitou-me dos pés a cabeça e disse:
-Não, mas quero a tua presença.
Ele me puxou e disse:
- Eu irei te tirar daqui, sou Álvaro um amigo de Pedro.
Ele pagou um quarto, contou-me o plano e na hora da descida foi ter uma conversa com Sorrá. Apesar de não querer vender-me, pois lucrava bastante com Pedro aquela quantia era absurda. Mandou uma das meninas me chamarem, chegando ao seu escritório:
- O que a Madame quer?
- Esse homem te comprou, sinceramente não sei o que ele viu em ti. Possuo garotas mais belas, porém dinheiro é sempre bem vindo.
Saímos daquele local fingindo ser um novo casal, todas as meninas conversavam entre si se perguntando o motivo, a causa, e derivados.
Na entrada do Salão havia uma carruagem, eu e Álvaro entramos. E lá estava Pedro nos abraçamos e ele perguntou:
-Carmem, quer casar comigo?

2 comentários:

Maurico Ravel disse...

Muito bom! ambiente bem moderno, boa linguagem misturando termos formais com sentimentos contemporaneos!!Botou pra lá!!

Virei teu fã!!kkkkkkk

beijão menina!!

The 1st Born disse...

Bom texto, mas sinto que tem um algo a mais nele, como eu que coloco um pouco de mim nos meus, talvez tenha algo seu nele... Se for o caso, não apenas espere.